quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

O que eu li em 2018

41 livros lidos neste ano. Não estou preocupado em bater recordes, como alguns que são anunciados nas redes sociais. "Li 308!" "Li 500!". Não acho que essa quantidade seja sinal de qualidade de leitura. Prefiro ler uma média de 3 livros por mês, ou um pouco menos.
Nesta lista tem de tudo: romances, documentários, poesias, infanto-juvenis. 


- 1. Casa Grande e Senzala em quadrinhos – Gilberto Freyre

- 2. Experiências tropicais de Angústia – Natália Fontes Rodrigues

 - 3. Encontro poético – Antologia

 - 4. Vastas emoções e pensamentos imperfeitos – Rubem Fonseca

 - 5. Hinos de Vida – Leslie Ceotto Deslandes

 - 6. Os mesmos e os outros: o livro dos ex – Ana Cecília Carvalho

- 7. O cemitério de Praga – Umberto Eco

 - 8. O silêncio das sombras – Thiago Andrade Macedo

 - 9. The holy divers – a diáspora dos mistérios – Cesar Luis

 - 10. Agincourt – Juliet Barker

 - 11. A Belle époque e suas contradições – Adhemar Marques e Pedro Berutti

 - 12. O sopro do dragão – Michelle Paranhos

  - 13. As mulheres na guerra – Claude Quétel

 – 14. Deserto azul – Eduardo Veras

- 15. Os insensatos – Faleiro Carvalhaes

 - 16. Mulher com brânquias – Patrícia Baikal.

 - 17. O peso do pássaro morto – Aline Bei

 – 18. A chave dos mundos – Zeca Machado

 – 19. A ilha dos amores infinitos – Daína Chaviano

-  20. De notícias e não-notícias faz-se a crônica – Carlos Drummond de 
Andrade

- 21. Demian – Herman Hesse.

- 22. Era isto que faltava... Ricardo Arnaldo Malheiros Fiuza

- 23. A estátua de sal – Albert Memmi

- 24. O ditador honesto – Matheus Peleteiro

- 25. A colheita – Michelle Paranhos

- 26. O lado avesso do amor – Dresa Guerra

- 27. O lado improvável do amor – Dresa Guerra

 - 28. Benjamin Constantino: amor e poder – Ismael de Campos Junior

- 29. Os curadores de cobra e de gente – Antônio F.J. Saracura (cordel)

- 30. O reino eremita – Renato Alves

- 31. Tudo é rio – Carla Madeira

- 32. Garrafas ao mar – Adriane Garcia

- 33. As gotinhas – Denise de Oliveira e Rosana Banharoli

- 34. Histórias da gente brasileira – v. 3  Mary Del Priore

– 35. Margarida, a menina mais que malmequer – Rogelia Maria Proença

- 36. Filhos do mundo – Jo Ramos (organizadora)

- 37. O João de Barro e o mar de Lama – Grazi Reis

- 38. O espelho da Medusa – Rita Pea

- 39. Ventos de chuva – Rosa Banharoli

- 40. O evangelho segundo Jesus Cristo – José Saramago

 - 41. Amor em terra de chamas – Jean Sasson.

Amor em terra de chamas - vale a pena ler!


Minha última leitura do ano 2018. Apesar de estar publicado há dez anos, somente agora caiu-me às mãos e pude encetar, neste mês de dezembro, a leitura do belíssimo e trágico livro escrito por Jean Sasson a partir do depoimento de Joanna al-Askari, filha de um iraquiano árabe e uma curda.


A trajetória de vida de Joanna é algo impressionante, dado que, em determinado momento ela se casa com um guerrilheiro curdo – Sarbast – e passa a acompanhá-lo pelas cidades e montanhas do Curdistão sob a constante ameaça dos bombardeios convencionais e químicos desfechados por ordem de Saddam Hussein. Toda essa aflitiva caminhada acontece ao mesmo tempo em que ocorria a guerra do Iraque contra o Irã, na década de 1980.

A leitura prende. As caminhadas pelas montanhas, os bombardeios, os massacres nas cidades, as crianças órfãs e famintas desfilam pelas páginas do livro, fazendo com que cheguemos a prender a respiração, finalmente solta quando ficamos sabendo que ela e o marido sobreviveram.

Como se diz na contra-capa, “a história do povo curdo e sua luta pela sobrevivência sob o domínio de Sadam Hussein jamais foi contada com tanta sensibilidade. Nesta incrível narrativa, Jean Sasson revela para o leitor uma personagem real e forte, que enfrenta as rígidas regras sociais de seu povo para viver intensamente uma história de amor pelo Curdistão e pelo guerrilheiro com quem se casa”.

Vale a leitura, sem dúvida!

Histórias de repressão e luta na UFOP, Ouro Preto e região.

Gostaria de informá-los sobre a publicação do livro Histórias de repressão e luta na UFOP, Ouro Preto e região. O trabalho resulta dos esforços realizados pelo GT-UFOP, que atuou através de convênio com a Comissão da Verdade em Minas Gerais (COVEMG). O conteúdo encontra-se online, no link abaixo. Peço a todos que, por gentileza, divulguem o livro, que descreve o contexto de lutas e perseguições ocorridas na UFOP e em Ouro Preto durante a Ditadura.

Obrigado
Abraços
Marco Antonio Silveira
Departamento de História - UFOP


A Falência do Modelo de Negócios das Livrarias

Discute-se muito hoje a respeito das livrarias, grandes livrarias que estão fechando as portas. Já publiquei, há mais tempo, algo a respeito. 
E hoje quero indicar mais um artigo que merece nossa reflexão.

http://gazetario.com.br/2018/12/22/a-falencia-do-modelo-de-negocios-das-livrarias/ 

estou indicando o link, pois não sei se a reprodução é autorizada. Mas vale a pena ler.

“O Grande Inquisidor” de Dostoievski e a manipulação religiosa das massas

por Carlos Russo Jr.
No dizer de George Steiner “O Grande Inquisidor”, uma lenda contada por Ivan Karamazov a seu irmão Aliocha, é prometeico quanto ao ficar os pés no passado,permitiu antever o futuro manipulável da sociedade de massas. Pois a religiosidade utilitária aponta tanto para as recusas de liberdade real nas sociedades modernas e pós-modernas, quanto para formas tão somente exteriores das denominadas “democracias representativas”. Ao mesmo tempo, aquele capítulo essencial de “Irmãos Karamazov” prenuncia os regimes totalitários do século XX e que ensaiam sua retomada no século XXI, como o controle do pensamento e o prazer brutal das massas na Revolução Cultural Chinesa, nas Danças de Nuremberg nazistas, no Estádio de Moscou, no stalinismo.
Na lenda, a visão do Santo Inquisidor e o retorno de um Cristo redivivo ocorre da cidade de Sevilha, no auge da repressão do Estado atrelado à Igreja Católica no século XVI.
Ela era e segue sendo um sinal de alerta para as recusas de liberdade, para a invasão das privacidades, para as parvoíces hipócritas, para as mentiras, que “viralizadas” milhares e milhões de vezes, passam a ser são tidas como verdades.
Sinaliza também a vulgaridade espantosa da cultura de massas, o consumismo desmedido, os homens que buscam líderes, mágicos ou tiranos, até mesmo pastores religiosos que retirem da mente dos rebanhos as reações de revolta contra as injustiças sociais e a busca por liberdade.
O velho empedernido, cruel condenador nos autos de fé que antecediam aos assassinatos pela fogueira dos hereges, o Grande Inquisidor acusa Cristo de ter superestimado a estatura do homem, sua habilidade em suportar o livre-arbítrio,argumentando que “os homens preferem a calma bruta da escravidão”. Para o Inquisidor os homens conhecerão a felicidade somente quando um reino perfeitamente regulado for estabelecido sobre a terra, sob os auspícios dos milagres, da autoridade da Igreja e da “mano militari” e do pão.
No Inquisidor também se incorpora a ideia do Anticristo, a daquele que também viveu no deserto, alimentou-se de gafanhoto e mel e ofereceu a Cristo a tríplice tentação: os milagres, o pão e a autoridade, dos quais seriam decorrentes as Igrejas e o Estado. Mas Cristo rejeitou, em nome da liberdade do homem, todas as tentações. Se o corpo de Cristo tivesse descido da cruz ou se Zózima, o starietz (o padre asceta) do romance, não exalasse os odores da putrefação de seu cadáver, o homem deixaria de ser livre, seria forçado pela evidência a crer, da mesma forma como os escravos que obedecem ao poder da força e não por uma livre escolha.
Logo, as Igrejas são as principais responsáveis por privarem os homens de sua liberdade essencial, interpondo entre Deus e a agonia da alma individual, a segurança da absolvição e dos mistérios dos rituais.
Se por um lado, o Inquisidor era a seu modo autoritário um “progressista”, por possuir uma crença radical no progresso humano através de meios materiais, aliada a uma crença na razão pragmática, com uma rejeição da experiência mística e uma total absorção pelos problemas do mundo, a ponto de quase excluir Deus de seu Universo, por outro, o Cristo dostoiévskiano não é um santo, mas humano, profundamente humano, parafraseando Nietzsche.
Pois Dostoiévski, além do Inquisidor, também traçou o retrato de “seu Cristo” na lenda. A beleza e graça inefável são sutilmente evocadas em um Cristo redivivo que perante o Grande Inquisidor nada responde nada fala. Esse silêncio, no dizer de D.H. Lawrence, é um sinal de aquiescência, da humildade do artista em contraposição à derrota da linguagem de seus seres polifônicos, como o Inquisidor. Cristo se cala na contramão da polifonia humana!
E o fulcro da lenda é a liberdade do homem. Homem que é completa e terrivelmente livre para perceber o bem e o mal, optar por um deles e encenar sua escolha.
Toda a ação ocorre em Sevilha na Idade Média, onde sob o comando do Grande Inquisidor, acendiam-se fogueiras em glória a Deus e os hereges ardiam em “atos de fé”.
Cristo teria surgido dentre a multidão reunida na praça em frente à Catedral,docemente, quase sem se fazer notar. No entanto, todos O reconheceram de imediato. Ele caminha com um sorriso de compaixão infinita. Sobe os degraus da igreja no momento em que trazem o caixão de uma menina de sete anos. A mãe lança-se a seus pés e diz: ”Se és Tu, ressuscita-a”. Ele a contempla e apenas diz “talita kumi”, levanta-te e anda, incontinente a morta levanta-se e sorri.No meio da turba há agitação e choro.
Naquele instante passa ao largo um ancião quase nonagenário, de elevada estatura, rosto ressecado, olhos cavados, o Grande Inquisidor. Ao entender a atitude de Cristo,um brilho sinistro clareia seu olhar; ele aponta-O à guarda e ordena que O prendam. Tão grande é seu poder, tal o medo de uma multidão acostumada à submissão,que os esbirros prendem-nO sem nenhum trabalho. Como um só ser, toda a multidão, esquecendo a quem louvava, inclina-se agora para o Cardeal que a abençoa.
O Prisioneiro é levado para a masmorra do Santo Ofício. À noite, o Inquisidor vem só e com um facho de luz ilumina a Santa Face. “És Tu, não és? Cala-te, aliás,o que poderias dizer? Não tens o direito a acrescentar uma palavra ao que disseste outrora. Por que nos vieste estorvar? Amanhã Te condenarei e serás queimado como o pior dos hereges e esse mesmo povo que hoje te beijava os pés,trará a lenha em que arderás. Tens por acaso o direito de revelar um só dos segredos do mundo de onde vens? Todas as revelações novas feririam a liberdade da fé, pois pareceriam miraculosas; ora, tu punhas há quinze séculos essa liberdade acima de tudo! Pois bem, viste os ‘homens livres’”, diz com sarcasmo.
“Isso nos custou muito caro, mas levamos a cabo aquela obra em Teu nome; foram séculos de grande trabalho para instaurar a liberdade, mas está feito. Tu meolhas com doçura, sem mesmo fazer-me a honra de Te indignares! Mas saiba que jamais os homens se sentiram tão livres como agora, pois sua liberdade eles a depositaram humildemente a nossos pés. Só agora (com a Inquisição) que se pode pensar na felicidade dos homens. Eles são naturalmente revoltados e, revoltados podem ser felizes?”
“Tu estavas advertido, conselhos não Te faltavam, mas não os levaste em conta,rejeitaste o único meio de proporcionar felicidade aos homens. Felizmente, ao partires, nos transmitiste Tua obra, concedendo-nos o direito de ligar e desligar e, decerto, não podes imaginar em retirá-lo agora. Por que vieste nos estorvar?”
“O Espírito terrível e profundo da destruição e do nada falou-Te no deserto e as Escrituras relatam que Te “tentou”. É verdade? … quem tinha razão: Tu ou aquele que Te interrogava? Lembra-Te do sentido da primeira pergunta? Queres ir para o mundo de mãos vazias, pregando aos homens uma liberdade que lhes causa medo…Vês as pedras do deserto árido? Muda-as em pães e atrás de Ti, correrá a humanidade como um rebanho dócil e reconhecido. Mas Tu não quiseste privar o homem da liberdade e recusaste, estimando que ela era incompatível com a obediência cobrada com pães. Replicaste que nem só de pão vive o homem, mas sabes que em nome desse pão terrestre o Espírito da terra se insurgirá contra Ti, lutará e Te vencerá. Séculos passarão e a humanidade proclamará pela boca de seus sábios e de seus intelectuais que não há crime e, por conseguinte, não há pecados, só famintos.”
Os famintos, desiludidos, os desesperados“nos procurarão e depositarão sua liberdade a nossos pés dizendo: ‘reduzi-nos à escravidão, mas alimentai-nos’.Compreenderão que a liberdade e o pão da terra à vontade para cada um são irreconciliáveis, pois jamais saberão reparti-lo entre si. A impotência para a liberdade ocorre por serem fracos,depravados, nulos e revoltados. As multidões sendo fracas e, embora depravada se revoltosas, tornar-se-ão dóceis.”
“Acreditarão que, nós, seus pastores,somos deuses pondo-se sob nosso comando e reinaremos sobre eles, os quais terão medo de serem livres. Mas lhes diremos que somos Teus discípulos e reinamos em Teu nome. E esta, a mentira, será a origem de nosso sofrimento.” “Não há para o homem que fica livre, preocupação mais constante e mais ardente que procurar um ser diante do qual se inclinar”.
“Para dispor da liberdade dos homens é preciso dar-lhes paz de consciência… nisto Tu tinhas razão porque o segredo da existência humana consiste não somente em viver, mas ainda em encontrar um motivo pelo qual viver. Sem uma ideia nítida de sua finalidade, prefere o homem a ela renunciar e se destruirá embora cercado por montes de pão. Esqueceste-Te de que o homem prefere a paz e até mesmo a morte à liberdade de discernir o bem do mal? Não há nada de mais sedutor para o homem que o livre-arbítrio, mas também, nada de mais doloroso.”
“Há três forças que podem subjugar para sempre a consciência desse fraco revoltado:o milagre, o mistério e a autoridade. Tu rejeitaste os três… sobretudo é o milagre que o homem procura e como não saberia passar sem ele, forja novos, os seus próprios, inclinando-se perante o prodígio dos magos, dos sortilégios de uma feiticeira, ainda que sejam revoltados, hereges, ímpios confessos”.
“O homem é mais fraco, covarde e vil do que pensavas. A grande estima que tinhas por ele fez mal à tua compaixão. Que importa que no presente se insurja por toda parte contra nossa autoridade e se mostre orgulhoso de sua revolta? É a alegria infantil que lhes custará caro. Derrubarão templos e incendiarão a terra. Mas perceberão, por fim, que são crianças estúpidas, fracas, incapazes de se revoltarem por muito tempo”.
“Corrigimos Tua obra baseados no milagre, no mistério e na autoridade. E os homens se regozijaram por serem de novo levados como um rebanho e serem libertados do dom funesto que lhes causava tormentos. Não tínhamos razão? Não era amar a humanidade compreender sua fraqueza, aliviar seu fardo, tolerar mesmo o pecado de sua fraca natureza, mas com a nossa permissão?”
“Porque vir agora entravar a nossa obra? Por que guardar silêncio com Teu terno olhar? Eu não Te amo. Cada um de nós sabe com quem fala. Não estamos Contigo,mas com Ele há muito tempo. Aceitamos Roma e o gládio de César e declaramo-nos os únicos reis da Terra”.
“Amanhã, queimar-Te-ei, pois ninguém mais que Tu mereceste a fogueira. Dixi”.
O Inquisidor se cala, espera a resposta do Prisioneiro. Este se aproxima em silêncio do nonagenário e beija-lhe os lábios.É toda sua resposta. O velho estremece, seus lábios tremem, caminha até a porta e abre: “Vai-Te e não voltes nunca mais!” O Prisioneiro sai.
Tal qual na essência da profecia de Dostoiévski, os homens inclinam-se voluntariamente aos seus guardiões espirituais, exceto um pequeno número de rebeldes. “Mas podem os revoltados ser felizes?” Podem? 


* CARLOS RUSSO JR. é escritor, ensaísta e professor, dedica-se ao ensino de Literatura e Mitologia, com militância política na esfera dos Direitos Humanos. Blog: www.proust.net.br

(fonte: https://espacoacademico.wordpress.com/2018/12/12/o-grande-inquisidor-de-dostoievski-e-a-manipulacao-religiosa-das-massas/) 

quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

50 anos do AI-5 em romance



Além do Messenger, você pode, também, me enviar um email: mourafaria@hotmail.com

O crack como ele é – Uma pedra está na sua mira, de Sandra Kiefer


Sete pessoas, sete histórias e um vício: o crack



O crack como ele é – Uma pedra está na sua mira, agora conta bastidores da vida real de sete personagens que esbarraram em uma pedra (de crack) no caminho. O livro é resultado da adaptação de uma série de reportagens premiada pela Associação Mineira do Ministério Público em 2015.
A autora Sandra Kiefer, à época repórter do jornal Estado de Minas, hoje apresentadora do canal Chá Com Leveza no YouTube, vivenciou durante um ano a realidade das cracolândias de Belo Horizonte. Seu desejo ao escrever o livro foi que as histórias chegassem a leitores que são adictos e codependentes, mas, sobretudo, que ampliassem o espectro desse público, servindo de alerta às famílias, aos estudantes e entidades de apoio a dependentes químicos.

São sete personagens, sete histórias e um vício: o crack. O que levou essas pessoas a esbarrarem na pedra? Por que permanecem escravas dela? O leitor está convidado a se emocionar com trajetórias como a do estudante de medicina Rômulo, da dona de casa Caroline F. e da travesti Danny. Na obra, os nomes reais de personagens, bairros, cidades e instituições foram substituídos por outros, fictícios.

O livro conta também com textos reunidos em posfácio, cuidadosamente selecionados para que o leitor possa encontrar depoimentos de pessoas que lidam com a doença sob diversos pontos de vista, desde um padre militante da causa, administrador de uma comunidade terapêutica que acolhe mulheres, até a mãe de um dependente químico.
Com edição cuidadosa da Miguilim (192 páginas, R$ 64,90), O crack como ele é serve de alerta para a presente epidemia no Brasil, maior mercado consumidor de pedra no mundo, segundo o último estudo (e único) divulgado pelo Instituto Nacional de Pesquisa de Políticas Públicas do Álcool e Outras Drogas (Inpad), da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), de 2011.

O prefácio ficou a cargo do ex-secretário nacional de Segurança Pública e autor de Elite da Tropa, Luiz Eduardo Soares. Segundo ele, O crack como ele é “é um banho de humanidade. Não há mocinhos e bandidos, culpados e inocentes, perdidos e achados. A autora nos mostra o que preferimos não ver, mesmo estando a nosso lado. (…) Como sempre, o primeiro passo é reconhecer a existência do problema. Sandra Kiefer fez a sua parte. Agora, é a nossa vez”, diz Soares.


A lei da metamorfose: de Ovídio a Kafka, de Gustavo Bernardo




Leitura imperdível para quem gosta de literatura e do embricamento ficção e realidade:  "A lei da metamorfose: de Ovídio a Kafka", de Gustavo Bernardo.



Gustavo, além de um amigo queridíssimo de há décadas, é um escritor generoso, em mais de uma acepção da palavra, e superpremiado. Um dos poucos, senão o único, autor finalista do Jabuti em três categorias diferentes. Vencedor do Prêmio Literário Biblioteca Nacional com o ensaio "A ficção de Deus" (livro que alguém me roubou, e poderia aproveitar a oportunidade para devolvê-lo, não?).

Sobre o livro, escreveu Luciana Hidalgo:
"Como sempre, o autor parte da literatura para uma profunda investigação filosófica. Ou vice-versa. Vai ao Evangelho de João para lembrar que Deus é a palavra. Investiga as metamorfoses do corpo em religiões de matriz africana e amplia seu tema nas mitologias greco-romana, hebraico-cristã e nórdica. Recorre ainda a contos de fadas dos irmãos Grimm, à literatura fantástica moderna e às histórias em quadrinhos. Analisa as metamorfoses fundadoras de Ovídio e Franz Kafka, passando pela célebre frase de Arthur Rimbaud: “Eu é um outro”. Nessa bela e instigante aventura por grandes clássicos, Gustavo Bernardo nos ensina muito sobre a condição humana e mostra que, para além da transformação de Gregor Samsa num inseto grotesco, as metamorfoses se dão por fé, submissão, tortura, medo ou talvez como forma desesperada de aproximação do sagrado, numa busca que une terror e encantamento.”

Gustavo também faz uma apresentação do livro:
DE QUE FALO?

Da transformação do Nada em Verbo? Ou do Verbo em Metáfora? Da religião em ficção? Ou da ficção em realidade? Das metamorfoses de Ovídio, ou da metamorfose de Kafka? De metamorfoses bruscas, ou de metamorfoses suaves e imperceptíveis? Da metamorfose ambulante de Raul Seixas, ou daquela velha opinião formada sobre tudo? Dos dragões em deuses? Do bem no mal? Da ânsia em palavra? Do pó em criatura? Do homem em lobo? Do lobo em fera? Da bela em agonia? Dos deuses em dragões? Do mal no bem? Da literatura, enfim, naquele gigantesco inseto que não foi devidamente limpo para o sacrifício?
De tudo isso e mais um pouco, no decorrer dos próximos capítulos. Que se dispõem a emergir do Grande Abismo nos Primórdios do Universo, o Ginnungagap da mitologia nórdica.

Fonte: https://blogdomello.blogspot.com

Tudo que nunca contei

Certa vez, a pediatra Juliana Cordeiro de Melo Franco, entusiasta da Disciplina Positiva, comentou que estava preocupada com os adolescentes. Que eles estavam se tornando deprimidos, que estavam perdendo o vínculo com a família, que o número de suicídios entre essas pessoas muito jovens estava aumentando.


Lembrei disso logo ao começar a ler o livro "Tudo o que nunca contei", de Celeste Ng. Desde o primeiro capítulo, ficamos sabendo que a adolescente Lydia, de 16 anos, está morta. Descobrimos seu corpo no fundo do lago, junto com seus familiares. E, nos capítulos seguintes, vamos sendo apresentados à personalidade da jovem, e dessa família tão peculiar.
O livro é contado com uma maestria que há tempos eu não via em autores contemporâneos. E estamos falando de uma autora bastante verde, que está apenas em seu terceiro romance. Este, de 2014, foi o livro de estreia, e já foi considerado um dos melhores daquele ano por várias listas importantes, como a do New York Times. É impressionante a capacidade de Celeste Ng de se manter coesa. Ela passeia pelo presente e pelo passado com uma tranquilidade tão grande que nunca nos permite perder o fio da meada, ao mesmo tempo em que vai descortinando as várias camadas de seus complexos personagens, com bastante suspense.
O suspense não é o gênero aqui, é apenas um ingrediente para dar fôlego ao drama. Porque este livro é um drama, puro e simples. Reúne os vários problemas comuns a relacionamentos familiares, de todos os tipos, tempos e origens. Ali temos os pais que não conseguem se comunicar com os filhos, os filhos que abrem mão da própria vida pensando em apenas agradar os pais, os pais que sufocam os filhos com seus próprios sonhos, que querem que os filhos façam as coisas que, por um motivo ou outro, não puderam fazer, os filhos que seguem caminhos obcecados na vida só para não repetirem o que consideram erros dos pais, os pais que só conseguem dar atenção a um filho em detrimento dos demais. Pais e filhos, como na canção do Legião Urbana, como em tantos outros livros e filmes importantes da história. Com direito a muitos relatos de solidão, abandono, mas também de ternura, amor e entrega.
Ao tratar de um tema global que já foi tão exaustivamente trabalhado na literatura universal, é normal que alguns momentos soem um pouco clichês. Mas, de modo geral, este livro é muito rico, uma pedra preciosa, muito bem escrito, nos leva a uma leitura fluida, fácil, leve, ainda que às vezes sobre um assunto denso, triste, que arrepia e emociona.
Todas as famílias deveriam ler este livro. Quem sabe, assim, muitas tragédias, como as enunciadas pela dra. Juliana, pudessem ser evitadas a tempo.
“Tudo o que nunca contei”
Celeste Ng
Ed. Intrínseca
301 páginas
De R$ 19,90 a R$ 38,17
(fonte: blog da Kika Castro)

quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

Uma festa o lançamento de "História Geral de Minas"

Dia 10 de dezembro, mais de 200 pessoas foram ao BDMG Cultural para o lançamento do livro organizado pelo jornalista famoso José Maria Rabêlo e escrito por ele, por João Antônio de Paula, por Fernando Correia Dias e por mim.











Foi Deus que fez o livro

Por Jaime Pinsky: Historiador, professor titular da Unicamp, autor ou coautor de 30 livros, diretor editorial da Editora Contexto.

Qual é a principal diferença entre os homens e os demais animais que habitam o nosso planeta? Vantagens apregoadas durante muito tempo, como a capacidade de amar, a memória, a organização social, os laços familiares duradouros, não podem mais ser considerados. Vídeos mostrando cenas “humanas” entre elefantes, golfinhos, leões, para não falar de cães e gatos estão à disposição de todos e a distância entre os chamados irracionais e nós parece-nos muito mais próxima do que parecia há algum tempo. Fica, contudo, a questão: O que fez com que o ser humano, desprovido de garras para caçar (como o leão), talento inato para construir (como o castor), agilidade para perseguir ou fugir (como o leopardo ou o veado), casaco natural para se aquecer (como o urso), se tornasse o verdadeiro rei dos animais?
A resposta é simples: O homem é o único habitante deste planeta capaz de produzir, guardar e consumir cultura. Cada achado, cada descoberta, cada poema, cada música, cada teorema descoberto, deduzido ou criado por qualquer homem em qualquer canto da Terra é devidamente anotado em linguagem acessível aos demais habitantes do planeta (ou boa parte deles) de modo a formar um conjunto fantástico de informações, de dados. A conexão que há entre os seres humanos de diferentes partes do planeta não existe entre nenhum outro tipo de animal, mesmo considerando que baleias e muitas espécies de aves atravessam continentes mais rapidamente e com mais autonomia do que qualquer um de nós.
Aí está a diferença: enquanto os outros animais são mais dotados, naturalmente (ou seja, pela natureza), nós somos muito mais capazes, socialmente (ou seja, por conta de nossa organização social). Em outras palavras, a superioridade do ser humano não é definida pela natureza, ou por qualquer deus, mas pela História. Não nascemos assim, mas assim nos tornamos. Não somos o que somos por decisão divina, mas por conta do nosso esforço. Para ser preciso, porque sabemos criar cultura, armazenar cultura e utilizar cultura se e quando achamos conveniente.
Armazenar cultura pressupõe, preferencialmente, o domínio da escrita. Mais precisamente, das letras e dos números. Há poucas dúvidas de que tanto a escrita, quanto os números surgiram em função da necessidade que antigos impérios do Médio Oriente tinham para controlar a produção (principalmente de grãos) e o pagamento de impostos. É possível que a escrita tenha surgido em mais de uma região de modo simultâneo, mas ainda não se pode afirmar se isso aconteceu ou se, por ser muito prática, a invenção se espalhou por difusão cultural. O fato é que aos poucos a escrita vai se aperfeiçoando até chegar à alfabética, bem próxima da que utilizamos até hoje. Aos poucos, também, o local em que se escreve vai mudando. É em blocos de pedras, depois em pedaços de barro, em plantas (como o papiro), em pele de animais (como o pergaminho), no papel. Neste, escrevia-se com penas naturais, depois com simulacros de penas (os mais velhos talvez se lembrem das canetas e penas escolares, dos tinteiros portáteis e fixos...). As canetas esferográficas foram substituídas pelas máquinas de escrever, estas pelo computador, pelo smartphone, etc.
Nesse processo todo o homem criou o livro. O livro passou, com justiça, a ser o símbolo mais acabado da cultura humana. É no livro que o cientista apresenta suas descobertas, que o historiador narra e explica o que aconteceu, que o escritor cria as narrativas que nos permitem viver aventuras sem correr risco, que o poeta expressa a dor que não sente, mas que nós sentimos. É no livro que o urbanista apresenta a cidade que não existe, mas que deveria existir, que lembramos a saga de nossa família, de nossa cidade, de nosso povo. É nos livros que discordamos de forma civilizada, que opomos ideia a ideia, sem guerrear, sem derramar sangue.
É nos livros que viajamos sem sair do lugar, que nos igualamos, jovens e velhos. Quando lemos não temos perna quebrada, não estamos presos no leito, não estamos impedidos de viajar, pois com o livro podemos viajar para qualquer lugar. Somos o bicho mais hábil e inteligente, porque só nós conseguimos ler livros.
Agora, mais do que nunca, é importante ler livros. Com eles, e só com eles, atravessaremos as piores tempestades. Se a capacidade intelectual do homem foi, como querem alguns, um dom de Deus, sem dúvida foi Deus que criou o livro.

Novo número da Revista Espaço Acadêmico

Caros(as) leitores(as),
Revista Espaço Acadêmico acaba de publicar o número mais recente em
http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico.
Convidamos a navegar no sumário da revista para acessar os artigos e itens de interesse.
Agradecemos seu interesse em nosso trabalho,

Antonio Ozaí da Silva
UEM, Maringá
Fone 44 - 3011-4288
aosilva@uem.br
Revista Espaço Acadêmico
v. 18, n. 211 (2018): Revista Espaço Acadêmico, n. 211, dezembro de 2018
DOSSIÊ: Subjetividade e sofrimento psíquico na sociedade contemporânea
(Org.: Wellington Lima Amorim)
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Psicologia e noções de subjetividade: história e problematizações descoloniais (01-10)
Cristianne Almeida Carvalho, Ramon Luis de Santana Alcântara
O trabalho do agricultor e as repercussões em sua saúde (11-20)
Yldry Souza Ramos Queiroz Pessoa, João Carlos Alchieri
Intervenções em psicologia para inclusão escolar de crianças autistas:estudo de caso (21-31)
Daniel Carvalho de Matos, Pollianna Galvão Soares de Matos
Trabalho e técnica na sociedade pornográfica (32-38)
Wellington Lima Amorim, Everaldo da Silva
Sentidos atribuídos ao trabalho na sociedade contemporânea e as repercussões na subjetividade do trabalhador (39-49)
Carla Vaz dos Santos Ribeiro, Denise Bessa Leda
As ciências Humanas: contribuições ao debate sobre o conceito de desenvolvimento (50-60)
Sandro Luiz Bazzanella, Walter Marcos Knaesel Birkner
filosofia social
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Os Direitos Humanos e seus descontentes (61-67)
Renato Nunes Bittencourt
letras
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Do "brutalismo" ao prosaico (68-79)
Dorinaldo dos Santos Nascimento
sociologia
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A finança contra a sociedade em Veblen: gênese e operação das disposições financeiras e técnicas no mundo industrial. (80-92)
Antonio José Pedroso Neto
sociologia da educação
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Escola, medicalização e educação (93-105)
Ademir Henrique Manfré
Subalternidades em negação: interseccionalidades de um bairro operário na cidade do Rio de Janeiro (106-117)
Leila Rodrigues Oliveira de Lima Bizarria
resenhas & livros
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Como o fascismo funciona: a política do Nós contra Eles (118-120)
Felipe Freitas de Souza
MARTELLI, Carla Giani; JARDIM, Maria Chaves; GIMENES, Éder Rodrigo. (Org.)
Participação política e democracia no Brasil contemporâneo. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2018, 282 p. (Série Temas em Sociologia; 11) (121-122)
REA Editor
OSTETTO, Luciana Esmeralda; ALBUQUERQUE, Maria Clara Cavalcanti de; PARREIRAS, Ninfa; SILVA, Rachel Polycarpo da. Quer que eu leia para você? Refletindo sobre as práticas e os espaços de leitura para a educação infantil. Niterói/RJ: Editora da Universidade Federal Fluminense, 2018, 75 p. (123)
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Um pedaço de madeira e aço, de Chabouté


O francês Chabouté teve sua estreia no mercado Brasileiro em 2017 com sua versão de Moby Dick de Herman Melville. Em 2018 ele retorna com seu livro gráfico "Um Pedaço de Madeira e Aço" novamente pela Editora Pipoca & Nanquim. A excepcionalidade de "Um Pedaço de Madeira e Aço" não está na ausência de diálogos na obra, mas sim no fato de conseguir analisar o comportamento humano a partir de uma perspectiva distante, ou seja, estando fora da esfera humana. Qual artifício o autor usou para se conseguir isso? 



Colocar um banco de praça como personagem principal. Ao fazê-lo Chabouté nos permite um olhar analítico de fora da esfera humana. Para isso ele elimina todo e qualquer diálogo entre as pessoas, já que "sobre o que nós conversamos" se torna menos relevante na medida em que o que importa é nosso comportamento sob uma perspectiva mais ampla. Outra excepcionalidade da obra é a perspectiva da passagem do tempo. Que se dá acima de nossas pequenas e frágeis preocupações, nos colocando sob a perspectiva da passagem eterna do tempo. "Um Pedaço de Madeira e Aço" parece simples... Mas esconde profundas percepções a respeito de quem nós somos enquanto seres chamados "Humanos".

Fonte: Marcelo Fernandes, no Facebook, em 11.12.2018

Antologia "Presságio" - quer participar?

Gente, corre!! Corre que tem novidade em nossa antologia "Presságio"!!

Vocês não podem ficar de fora!! 
Que vcs acham, participar de uma antologia e ainda ser divulgado em um dos maiores sites literários do momento!! Gostaram? mas não para por ai, temos muitas novidades!!
Acessem: 



quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Ventos de chuva, de Rosana Banharoli

Mais um belíssimo livro de poesias, desta autora já consagrada. Tomei a liberdade de copiar quatro poemas que considerei os melhores (escolha difícil... só quatro? pois é...)











Gostou? Tenho certeza que sim! Se quiser adquirir o livro, entre em contato com a autora pelo email
rosana_banharoli@hotmail.com

Revista Literária Internacional "Divulga Escritor"




Apresentamos 37ª edição da Divulga Escritor: Revista Literária da Lusofonia, uma edição belíssima. 
Composta com autores de diferentes nacionalidades.
Agradecemos a participação de todos literários participantes desta edição.
Quem desejar participar da próxima edição já estamos recebendo conteúdo para análise, e apresentação de proposta.
Divulgamos livros, editoras, eventos, autores, textos em prosa e em versos...

Abaixo link para acesso a revista:

Todos podem participar, aqui o destaque é você!

Publicação de texto em prosa ou em verso ou divulgação de livro por meio de sinopse, resenha, apresentação...
Valor: 50 reais.
Para participar é só encaminhar o que deseja publicar para nosso editorial por meio do e-mail  smccomunicacao@hotmail.com
Após aprovado por nosso editorial, encaminharemos dados da conta para depósito.


Boa leitura a todos!
Sejam bem-vindos!