Muito impressionada com as notícias mostrando as consequências
das últimas tempestades em BH. Ontem tive sonhos horríveis com chuvas,
inundações e desmoronamentos em locais lotados de pessoas que ficavam à deriva
num caos de água e lama.
Acordei lembrando da entrevista que eu e o Guto Borges fizemos
com o querido Alessandro Borsagli em
2018, na coluna Direito à Cidade, dentro do meu programa, na Rádio
Inconfidência. Aprendi muito ouvindo o Alessandro e lendo seu livro.
Geógrafo
e pesquisador nas áreas de espaço e geografias urbanas e história das cidades,
Borsagli publicou o livro ‘Rios Invisíveis da Metrópole Mineira’, uma extensa
pesquisa sobre os rios submersos em Belo Horizonte.
A capital mineira, tem pouco mais
de 100 anos. Inicialmente planejada apenas dentro dos limites internos da av do
Contorno, desde o início de sua construção já convive com os problemas das enchentes.
A primeira grande enchente foi registrada me 1899 e “causaram estragos inéditos
e desconhecidos para grande parte da população, resultado da incompreensão
política e técnica dos caminhos seguidos por elas”.
A relação da cidade com seus rios
já nasceu equivocada. As grandes enchentes que acontecem desde 1899 se repetem
ano após ano, intercalado por períodos de desastre de proporções “nunca vistos
antes”. As soluções parecem ignorar os eventos passados e a força da natureza
não distingue classe social e nem poder de compra. Todos podem ser atingidos.
O livro do Alessandro Borsagli é
um documento importante para conhecer o que existe debaixo do asfalto que cobre
a cidade, para entender o que pode acontecer nos próximos temporais, o que pode
ser feito e quais mudanças são importantes para a gente exigir do poder
público.
Waleska
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