Submeti as perguntas à escritora Gabrielle Venâncio Ruas.Vamos conhecê-la?
1. Fale um pouco sobre sua trajetória de vida,
antes de se dedicar à literatura.
Comecei a trilhar esse caminho a
sério com 18 anos, quando escrevi meu primeiro livro, intitulado “A lenda dos
Sete Medalhões”. Nessa época, eu era estudante de ensino médio e trabalhava aos
finais de semana, por isso não tenho uma trajetória muito extensa para
compartilhar. Posteriormente, porém, fiz graduação em Letras enquanto escrevia
Angellore e comecei a me especializar em revisão de textos.
2. Quando descobriu sua “vocação” para
escrever?
Acho que não fui eu que a descobri, e sim ela que me
escolheu desde o início, rs. Pode soar um tanto clichê, mas, estranhamente, eu
já sabia que queria ser escritora aos 9 anos de idade, talvez antes. Lembro que
adorava quando as professoras de português davam, como tarefa, a escrita de
alguma história criada com base em minha imaginação. O ápice disso foi quando,
ainda na terceira série, recebi como dever de casa a proposta de produzir uma
história de uma ou duas páginas que fosse originada de alguma figura recortada
de revista, e a minha imaginação acabou criando mais de dez páginas.
3. Fale um pouco sobre os livros que já
publicou.
Até o momento, minhas únicas
obras publicadas são os dois primeiros volumes da série Angellore – A Divina
Conspiração (Sussurro Noturno e Essência). A história, um romance que mescla
temas sobrenaturais e policiais, conta a história de Sophie, uma universitária
que perdeu os pais num misterioso acidente de carro e, desde então, enxerga
sombras; e Olívia, uma agente da Polícia Civil que investiga inúmeros casos de
natureza igualmente misteriosa, dentre eles o referido acidente. Em dado
momento, os caminhos de ambas se cruzam, e muitos segredos são revelados.
Angellore
constituiu um grande desafio para mim porque sempre tive mais afinidade com a
escrita de histórias de fantasia, com narrador em terceira pessoa. Iniciar um
romance urbano em que, literalmente, incorporo a voz dos meus personagens foi
algo muito inusitado, mas que me ensinou inúmeras coisas sobre o universo da
narrativa.
4.
Existe
um que você gosta mais? Por quê?
Sim! Trata-se de Pandemônio, o
terceiro volume da série. Apesar de ainda não ter sido publicado, ele já se
tornou meu favorito por dois fatores. O primeiro é que, quando comecei
Angellore, eu era inexperiente e acabei cometendo alguns erros (sou uma autora
muito exigente comigo mesma, rs!). Por outro lado, em Pandemônio, embora sempre
haja muito que aprender, me flagrei mais bem preparada para a temática a que me
propus, e hoje posso afirmar que esse terceiro volume é a história que
realmente quis conceber. Já o segundo motivo é que o livro, por estar
caminhando para um fim, conta com um enredo mais interessante e mais rico do
que os dois anteriores.
5. Comente sobre sua experiência com editoras.
Ou você é adepta de produção independente?
Por motivos
éticos, vou falar apenas da minha experiência com minha atual editora, sobre a
qual, felizmente, só tenho bons elogios a tecer. Os editores são do tipo de
pessoas que colocam a mão na massa e participam, junto com o autor, de todo o
processo, além de serem muito educados e solícitos. Não tive a oportunidade de
publicar algo independente, mas acredito que seja, sim, um bom recurso para
autores iniciantes. No entanto, é importante que estes tenham cuidado em
verificar a idoneidade da empresa prestadora de serviços e, principalmente, que
procurem resguardar a integridade de sua obra por meio de bons revisores e
outros profissionais.
6. Nas entrevistas e bate-papos que
acompanhamos pela internet, verificamos que existe uma preocupação muito grande
com a revisão. Há livros sendo publicados sem revisão de espécie alguma, nem a
técnica (própria da editora) nem a ortográfica/gramatical. O que você pode nos
dizer a respeito? No seu caso particular, você contrata um(a) revisor(a)? Ou a
editora se encarrega disso?
Como profissional de Letras, gostei muito da pergunta! A
revisão de um livro, para mim, é uma das etapas mais cruciais da produção da
obra. Afinal, livros com muitos problemas não só ortográficos, como também de
estruturação, tiram o encanto da história e descredibilizam o trabalho do
autor.
Minha
editora costuma disponibilizar profissionais para esse fim, e às vezes eu
também recorro a revisores terceirizados, mas, normalmente, faço minha própria
revisão, pois ninguém melhor do que o próprio autor para cercar certos
problemas, como contradições, erros de continuidade etc. O revisor não faz milagres.
Portanto, é preciso que aquele que escreve procure resguardar seu trabalho.
7. Outro ponto chave para os novos autores é a
divulgação de suas obras. Pode nos dizer de sua experiência a respeito?
Atualmente,
ando divulgando pouco devido à falta de tempo. Como trabalho durante a maior
parte do dia, procuro dedicar o máximo de tempo livre à escrita de Pandemônio,
porém, vez ou outra, recebo a resenha de algum blogueiro, e isso sempre me
empolga! Ainda assim, tenho consciência do quão importante é a divulgação para
os novos autores, especialmente no que diz respeito à interação direta com seus
leitores, pois somente dessa maneira é possível angariar leitores e promover
uma ascensão cada vez maior da literatura nacional.
8. Bienais e feiras de livros – são
importantes para os novos autores?
Com certeza! Ainda não tive a
oportunidade de ir a eventos desse tipo, mas, sem dúvida, esse é o ápice para
muitos autores, pois é o momento em que eles “botam a cara no mundo” e divulgam
seu trabalho de forma mais abrangente. Estou me programando para participar da
Bienal de São Paulo de 2018. Mal posso esperar para sentir essa experiência na
pele!
9. Ouvem-se muitos comentários depreciativos
sobre a literatura brasileira contemporânea. É comum ouvir-se algo do tipo “não
gosto, não leio autores nacionais”. Em seu entendimento o que explicaria tal
tipo de comentário?
O primeiro motivo é que a literatura estrangeira sempre recebe
maior divulgação e mais atenções. Não raras as vezes, fico espantada em ver as
editoras, de um modo geral, empurrando livros de má qualidade para os leitores,
que os consomem sem qualquer consciência crítica. Para dificultar ainda mais o
cenário, existem os julgamentos preconcebidos que muitos fazem da literatura de
nosso país. Concordo que há certos autores e editoras que publicam livros sem a
devida revisão, com capas amadoras, dentre outros problemas, mas conheço, em
contrapartida, livros nacionais com enredos e escritas muito superiores a
livros estrangeiros ditos consagrados. Acho que essa situação pouco a pouco vem
sendo desconstruída nos últimos anos, porém ainda há um longo caminho a ser
percorrido.
10. A partir de sua experiência pessoal, o que
poderia dizer para aqueles e aquelas que pretendem publicar livros?
Como falei anteriormente, o primeiro passo para essas pessoas
é resguardar a própria obra antes de enviá-la a qualquer editora ou de se decidirem
por uma publicação independente. Recado direto: procurem bons capistas,
diagramadores e revisores. Lembrem-se de que sua obra, uma vez publicada,
estará em circulação para sempre (ainda que os exemplares acabem, sempre haverá
alguém com seu livro em mãos!), portanto nenhum investimento é grande demais. O
segundo passo é pesquisar bem os detalhes da casa editorial na qual se pretende
publicar, a fim de evitar dores de cabeça futuras. E a terceira, mas não menos
importante, é buscar a maior interação possível com seus leitores, para tornar
o alcance da obra o maior possível.
Uma entrevista sobre o amor à escrita, que faz morada dentro da gente.
ResponderExcluirOlá, Kátia! A escrita e a literatura são, de fato, elementos que se grudam ao nosso coração e não saem mais! Fico feliz por ter sido agraciada por esse dom que é, também, uma paixão. Obrigada por ter acompanhado a entrevista! Beijos!
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