domingo, 22 de janeiro de 2017

Apresentando novos(as) autores(as) brasileiros(as) - Thiago Macedo



Tenho o prazer de apresentar hoje o autor mineiro Thiago Andrade Macedo, que acaba de publicar um romance que, conforme os comentários, promete ser bastante intrigante. A capa do livro é bem sugestiva! E, pelo visto, o cenário brasiliense anda fornecendo excelentes materiais para livros. Já publiquei aqui comentários sobre o romance da Carol Bonacim e o da Patricia Baikal. E este é o terceiro romance que adentra o Parlamento brasileiro.
Conheçam o autor e sua obra:

Thiago Andrade Macedo, 39 anos, é natural de Viçosa (MG) e está radicado em João Pessoa (PB). Formou-se em Direito, atuando depois da conclusão do curso em tribunais e na área de segurança pública, mais especificamente no âmbito do Ministério da Justiça (Polícia Federal).

Para ele, a literatura, além de ser uma forma de se expressar, é algo que o define, uma necessidade intimamente ligada ao seu jeito de ser, bem como uma oportunidade de criar mundos; de ir além da vida cotidiana, que, parafraseando o poeta Ferreira Gullar, “muitas vezes, é mesquinha, arrastada e não basta”.

Na adolescência, dedicou-se a escrever poesia e pequenas crônicas. Por essa época, leu bastante literatura brasileira. Um pouco depois, passou a ler mais literatura estrangeira e começou a escrever os primeiros contos, partindo, depois, para uma empreitada maior: o romance.

A primeira experiência literária, de fato, foi um livro que ele considera hoje uma espécie de esboço de O silêncio das sombras. Editado de forma artesanal, foi distribuído apenas entre os amigos. Já a ideia de escrever O silêncio das sombras partiu de um conto que produziu, chamado “O guarda-costas”.

Thiago escreveu outros pequenos contos, estabelecendo um liame entre eles. Foi então que teve a ideia de escrever um romance, dando voz a cada um dos personagens. Como, no início, “parecia um quebra-cabeças a ser montado”, decidiu adotar o formato de romance policial para o texto.

Ele confessa que nunca foi muito metódico ao escrever, mas gostaria de poder escrever todos os dias, o que a rotina profissional impede. Já o processo de escritura de O silêncio das sombras levou cerca de um ano e meio, dois anos. A partir desse ponto, tinha um esboço do livro, que foi reescrito várias vezes, visto que, como autor, não acredita em simples inspiração, mas em muito trabalho.





SINOPSE

Em época de eleições e efervescência política, três investigadores federais são lançados repentinamente em uma zona de fronteira de um país, a fim de elucidar o desaparecimento da filha de um Senador da República e do namorado dela, um caso reaberto depois de dez anos.

Chegando ao local, Petrus Hammer, um policial tomado por uma crise existencial, Ivan Brod, um tira à moda antiga, e Jan Pollack, quase um novato na polícia, unem-se a Saul, um quarto agente designado pela força policial local para acompanhar o caso.

Em meio a um frio insuportável, os policiais começam a se mexer no teatro de sombras de Grenze, a estranha capital do Estado Fronteiriço. A investigação toma forma, mas, aos poucos, parece arrastar-se e não sair do lugar, pois novos elementos elucidativos não vêm à tona. Uma atmosfera de jogo e pistas falsas adensa-se então de forma vertiginosa, desencadeando um clima de suspense e mistério quase que insuportável.

Revelações bombásticas surgem, envolvendo um dos personagens, e a trama passa a tomar novo rumo. Entretanto, novas reviravoltas ainda acontecerão, mudando novamente o foco da ação dos investigadores.

Um lugar sufocante, “terra de ninguém” moral, um crime a ser solucionado que parece não ter lógica ou fazer sentido algum: o mundo ambíguo de Grenze remete o leitor a avançar no texto cada vez mais. Personagens excêntricos, irônicos, cínicos e intrigantes, que dizem muito de nós mesmos e sondam temas que vão muito além da mera seara das estórias de detetive, surgem ao longa da trama.

Narrado sob o ponto de vista de diversos personagens, O Silêncio das Sombras é uma obsessiva epifania de signos e significados, um “caldo cultural” que mistura blues, jazz, literatura, cinema, ocultismo e temas macabros. Há um caos provocativo por trás de uma insuspeitada ordem, em cada frase, em cada diálogo, em cada palavra. Percorrendo camadas de ficção policial e de mistério, o texto, com matizes de romance psicológico e também marcado pelo tom filosófico, liberta-se da obviedade e parece nos querer dizer algo mais.

Em uma estranha cidade tomada pelo frio, uma velha foto de uma garota desaparecida provocará vingança, discórdia, loucura. As pistas falsas tornam-se verdadeiras, e as que eram supostamente verdadeiras mostram-se falsas, porque, em meio ao silêncio das sombras, nada é o que parece ser...



CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES

Em seu formato, o livro é um romance policial, uma ficção de suspense e mistério, como qualquer leitor pode perceber. Existe um crime a ser investigado, encoberto, evidentemente, por um mistério. A essência do livro, entretanto, não faz parte do universo da tradicional ficção policial. Ao contrário dos romances de Agatha Christie e Conan Doyle, não se busca apenas um criminoso, num esquema onde as soluções da trama se dão através de processos dedutivos.
Ademais, por outro lado, o que se procura não é apenas mostrar o que estaria submerso em um “mar de lama”, o que caracteriza a ficção norte-americana posterior aos autores citados, como ocorre nos livros de Dashiell Hammett ou Raymond Chandler. Na verdade, no que concerne ao conteúdo do texto, há um vínculo mais forte com Rubem Fonseca ou Luiz Alfredo Garcia-Roza, autores nacionais que têm muita substância e, na modesta opinião deste signatário, suplantam em estilo, autores estrangeiros e “clássicos” do gênero.
Com efeito, a “casca” da obra seria mesmo a de um romance policial, mas os temas lançados no texto são universais – angústia, medo, solidão, o absurdo da condição existencial do homem moderno -, abordados em uma narrativa concebida de forma roteirizada, com profunda influência da linguagem cinematográfica, onde cada parte forma o todo como se fosse um quebra-cabeças.
O texto, ao mesmo tempo que avança em sua narrativa, apresenta em cada capítulo um ponto de vista de um personagem diferente, procurando criar um jogo de tensão a ser experimentado pelo leitor, caracterizado pelo embate psicológico no interior de cada personagem e na relação dele com os demais.
Teceram comentários elogiosos em ensaios profundos sobre a obra o escritor e crítico literário W. J. Solha, premiadíssimo Brasil afora por vários de seus livros; o jornalista, cronista e crítico literário paraibano William Costa, editor do suplemento cultural Correio das Artes, o mais antigo em circulação do país; o escritor, filósofo e crítico literário gaúcho Nelson Hoffmann; o escritor regionalista e jurista catarinense Enéas Athanázio, igualmente muito premiado por diversos trabalhos. O maior poeta paraibano vivo, Sérgio de Castro Pinto, ganhador de vários prêmios nacionais, bem assim, endossa o livro, sendo um de seus maiores incentivadores.
De mais a mais, a experiência do autor como profissional da segurança pública reforça a verossimilhança do que é abordado no livro, isto é, vários episódios da trama têm fundamento na realidade policial.
Todos esses fatores reunidos nos levam a crer que O Silêncio das Sombras é um livro para ser lido por todas as idades, para encantar leitores mais críticos e experientes e para despertar em quem está começando a ler romances o espírito aventureiro da ficção.







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