Objetivo apresentar temas para discussão sobre a Literatura Brasileira. Também um espaço grande será dado à divulgação de novos autores e autoras nacionais.
domingo, 8 de janeiro de 2017
Fantástico: A lebre com olhos de âmbar
Vocês, leitores e leitoras, sabem o que é um NETSUQUÊ?
Provavelmente não. Eu, pelo menos, nem tinha ideia do que poderia ser isso.
Pois vou explicar, utilizando-me de dados da orelha do livro.
São miniaturas japonesas entalhadas em madeira e marfim. Nenhuma ultrapassa o tamanho de uma caixa de fósforo!
O autor, Edmund de Waal, conheceu uma coleção de mais de 200 netsuquês quando esteve no Japão, visitando um tio-avô. E, surpreso, recebeu esta coleção quando seu tio-avô faleceu. Entre as peças, estava aquela que deu o nome ao livro: uma lebre com olhos de âmbar.
Intrigado, ele começa a buscar como aquelas peças chegaram até ele. E recua no tempo, descobrindo a árvore genealógica da família Ephrussis, natural de Odessa, na Rússia, e que eram os maiores exportadores de trigo do mundo.
Um deles, Charles Ephrussis, financista, estabeleceu-se em Paris e tornou-se famoso por colecionar obras de arte. Patrocinou Renoir, Monet e muitos grandes pintores impressionistas. Foi ele quem adquiriu os netsuquês, guardando-os cuidadosa e carinhosamente. Mas terminou dando-os de presente a um primo, que morava em Viena.
Assim, na primeira parte do livro, ficamos conhecendo a Paris das três ultimas décadas do século XIX, em páginas primorosas e que nos permitem sentir que um sentimento anti-semita já germinava na Europa. Os Ephrussis eram judeus.
Na segunda parte do livro, os netsuquês estão em Viena e ali permanecem até o final da Segunda Guerra Mundial. Aqui vamos ver os acontecimentos que marcaram a vida da família Ephrussis na época da Primeira Guerra, da ascensão do Nazismo e do anti-semitismo mais virulento que nunca.
A mansão da família foi ocupada pelas tropas nazistas que saquearam todas as obras de arte, prenderam e interrogaram os membros da família. Transformaram a mansão em sede da Gestapo e outros órgãos do Partido Nazista que havia, em 1938, ocupado a Áustria.
Na terceira parte, acompanhamos o desenrolar da Segunda Guerra Mundial e pode-se imaginar que os netsuquês acabassem sendo bombardeados, mas não foi o que aconteceu.
Isso graças à empregada da família, que não era judia e que foi obrigada a trabalhar para os nazistas. Ela, pacientemente, e na calada, foi colocando, dia a dia, alguns dos netsuquês em seus bolsos e guardou-os no colchão em que dormia. Preservou-se, assim, a coleção integralmente.
E na quarta parte, o tio-avô do autor recebe a coleção e muda-se, com ela para Tóquio. E foi lá que o autor a conheceu e acabou herdando.
Portanto, a busca pelos caminhos dos netsuquês acaba por permitir a Edmund de Waal levantar sua árvore genealógica, descobrir e pesquisar muitos documentos que lhe permitiram não apenas conhecer seus ancestrais, mas, sobretudo, nos apresentar um painel da história europeia, de 1870 a 2009.
Amigos e amigas. Esta leitura é imprescindível! Não deixem de ler esta obra-prima. Vejam alguns comentários de resenhistas e comentadores do livro:
"Você tem uma obra-prima nas mãos" (Sunday Times)
"O livro perfeito, daqueles que nos fazem querer dá-lo de presente a todo mundo para compartilhar este tesouro" (Vogue)
"Não consegui parar de ler. Depois, fiquei semanas sem conseguir falar de outra coisa... Simplesmente encantador". (Cressilda Connoly - The Spectator)
"Elegante. Modesto. Trágico. Homérico".(Stephen Frears - The Guardian)
"Um livro de uma originalidade impressionante" (Artemis Cooper - Evening Standard)
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Sua apresentação é um convite, irresistível, para conhecer a história revelada através da arte minúscula - própria dos japoneses - chamada Netsuquê.
ResponderExcluirInstigante.
E que título adorável possui o livro
Edmund de Waal é um homem de sorte por herdar a coleção.
não sei onde li, que os netsuquês não eram feitos para a venda, eles eram como uma arte congelada de uma ação que gerava emoção em quem tinha, que geralmente o artesão fazia isso pra si mesmo, que era uma forma de guardar aquele sentimento, que toda vez que olhasse a obra ele sentiria a emoção daquele momento, algo romantizado pra cada peça...
ResponderExcluirestava até pesquisando sobre onde li isso e surgiu seu blog sobre o assunto netsuquê... Queria saber se é verdade ou não?!