A entrevistada de hoje é a autora Carla Póvoa, cuja primeira obra, "Pablo, o cigano do ouro" já foi apresentada a nossos(as) leitores(as). Vamos conhecer um pouco mais da autora e de suas experiências.
01 – Fale
um pouco sobre sua trajetória de vida, antes de se dedicar à literatura
Minha vida
sempre foi coroada de diversidades. Vou tentar fazer um breve resumo. Primeiro
fiz o curso de Letras, pela Universidade Federal de Goiás – UFG e lecionei
durante anos a disciplina de Redação para alunos do ensino médio e cursos
pré-vestibulares. Amei esta etapa de minha vida! Mas tive que dar realização a
outro sonho de infância – a psicologia. Entrei novamente para a faculdade,
dessa vez para a Puc-Go, no curso de Psicologia. Não satisfeita, paralelo à
faculdade, comecei o curso de formação para Psicanálise, aproveitando a vinda
da ANPC – Associação Nacional de Psicanálise Clínica ao Estado de Goiás. Então,
ao terminar, dediquei-me à psicanálise por um bom tempo, antes de me aventurar
a mostrar meus escritos para serem apreciados a público. Hoje posso dizer que
executo os três.
02 –
Quando descobriu sua “vocação” para escrever?
A vocação para
escrever nasceu comigo. Esses dias eu estava refletindo sobre isso. Lembro-me
bem quando eu ainda era muito pequena, não podia brincar na rua como as
crianças maiores. Então, brincava sozinha e criava diversos personagens para
estarem comigo. Especialistas que vissem, julgariam tratar-se de algum
transtorno esquizoide (risos), pois eu “conversava sozinha” (como dizia minha
mãe), entre às bonecas e brinquedos, eu criava um mundo, e enquanto não desse
fim à problemática que eu encenava, aquela “história” não tinha fim – brincava
dias seguidos no mesmo tema e com os mesmos personagens. E assim, quando
aprendi a escrever e ler (eu lia bastante), fazia isso nos pequenos cadernos
que eu guardava debaixo do meu colchão. Aí cristalizou-se um início. É claro
que nunca sonhava que isso geraria uma “escritora”, mas creio não ser de um dia
para o outro que isso acontece. Somos caminheiros e nos tornamos “algo” no
decorrer do caminho.
03 - Fale um pouco sobre os livros que já publicou.
Meu primeiro
livro publicado foi “Pablo, o cigano do ouro”. Ele faz parte de uma trilogia
chamada “Histórias do povo zíngaro”. Minha ideia em escrever sobre o povo
cigano vem também de coisas que vivi na adolescência ao ter contato com alguns
deles. Esse livro 01 tem uma narrativa cheia de movimento e traz muitas
novidades sobre a cultura cigana. A história de Pablo é marcada por fazer
muitos amigos, mas também muitos inimigos. É uma belíssima narração assinalada
pela força e o poder do amor, pelo verdadeiro significado de tradição e honra
aos costumes ciganos.
O livro 02 chama-se “Zíngara” e traz também outra
interessante biografia não menos intensa. Conta a vida de Marta que acorda num
acampamento cigano sem memória alguma. Transforma-se e adota o nome de Carmen.
Nas trilhas daquela tribo, não se importou mais em buscar seu passado e formou
um futuro com Nicolas – futuro líder do acampamento. Mas o destino e o passado
poderão arrancar Carmen de sua nova realidade. Certamente, encantará o leitor
que o tiver entre as mãos. O terceiro livro dessa série ainda está por vir e
terá como título “Izalon, filho de Pablo”. Ele encerará a série e trará as
respostas que ficaram no ar nos livros anteriores. No entanto, as histórias do
povo zíngaro deixarão saudades no leitor. E não admiraria se pegasse um deles
voltando para ler novamente.
Fora desse tema,
tenho também publicado um livro de contos com o título “Encontro em contos”.
Esse é em parceria com a autora Paula Lessa. São contos selecionados que aborda
várias temáticas. Surgiu da empatia que tivemos eu e a Paula, que mesmo
distantes geograficamente (Estado do Rio de Janeiro e Goiás), fez nascer essa
obra em conjunto. São contos curtos, envolvendo situações cotidianas e
inusitadas, elas podem revelar possibilidades para reflexões que transformam
opiniões.
Além dessas
publicações, participo também da Antologia organizada pela autora Patty Freitas
intitulada “Um café, dois dedos de prosa e alguns versos” - obra maravilhosa que reúne vários autores.
Também participo de três das publicações feitas pelo FLAL – Festival de
Literatura e Artes Literárias, do qual tive a honra de fazer parte.
Não existe
nenhum do qual eu goste mais. Cada um compõe uma etapa diferente de minha
caminhada.
05 – Comente sobre sua experiência com editoras. Ou
você é adepta de produção independente?
Sou autora
independente. Ainda não tive nenhuma experiência com editora tradicional. Quanto
a ser independente, não me sinto menos qualificada por isso. Afinal, penso não
ser a editora que diz ser um livro bom ou não. Há outros fatores para essa
avaliação.
06 - Nas entrevistas e bate-papos que acompanhamos
pela internet, verificamos que existe uma preocupação muito grande com a
revisão. Há livros sendo publicados sem revisão de espécie alguma, nem a
técnica (própria da editora) nem a ortográfica/gramatical. O que você pode nos
dizer a respeito? No seu caso particular, você contrata um(a) revisor(a)? Ou a
editora se encarrega disso?
Realmente, é um
ponto interessante a ser refletido – a linguagem. Muitos acham que ela não é
importante, outros já exageram, condenando livros que tenham defeitos
gramaticais e de léxico. Como preciso pagar para editar o livro, a revisão é
feita á parte, ou seja, nem todas as editoras compõem esse serviço ao da edição
do livro. Confesso que pequei em não fazer na edição do meu primeiro livro.
Erros gramaticais apareceram e isso incomodou bastante a mim (e mais ainda a
outras pessoas). Penso ser de extrema importância o trabalho do revisor. Mesmo
que quem escreve seja profissional da língua (como eu), no calor da escrita,
muitas falhas passam, ou os corretores dos computadores (que se acham
infalíveis) corrigem uma palavra e a deixa mais “errada” ainda. E o revisor é
infalível nesse aspecto. É claro que existem várias formas de expressão e,
linguisticamente falando, existem diversos “português” inseridos no clássico.
Mas há que se deixar claro que se pode expressá-los de maneira que se entenda
de qual deles se tomou posse. Nos outros livros, cuidei de pedir a amigos que
lessem e me ajudassem a encontrar falhas. Mas se tivesse recurso, contrataria
um revisor para meus escritos.
07 – Outro ponto chave para os novos autores é a
divulgação de suas obras. Pode nos dizer de sua experiência a respeito?
Penso ser a
divulgação de uma importância sem tamanho. Como pode alguém conhecer algo que
nem sabe que existe? Conheço obras que são menos qualificadas do que outras e
são bem mais reconhecidas em função de terem tido um marketing bem feito. Não
sei se feliz ou infelizmente, a divulgação bem feita é que coloca a obra em
ascensão. Mas, quando a obra é boa e o marketing bem feito, com certeza o
sucesso é garantido.
08 – Bienais e feiras de livros – são importantes
para os novos autores?
Sobre bienais e
feiras de livros não posso dizer muito porque ainda não participei. Mas as vejo
como importantes, sim. Nelas, além da divulgação da obra, faz-se contato com
amigos/autores e estabelecem-se parcerias para promover o título do livro e o
nome do autor. Mesmo que nenhuma obra seja vendida, o trabalho de divulgação
trará algum resultado positivo.
09 – Ouvem-se muitos comentários depreciativos sobre
a literatura brasileira contemporânea. É comum ouvir-se algo do tipo “não gosto,
não leio autores nacionais”. Em seu entendimento o que explicaria tal tipo de
assertiva?
Creio que aquele
que critica sem conhecer o que está falando com propriedade, o erro está nele e
não no que ele condena. É fato que alguns brasileiros condenam tudo que se diz
respeito a “nacional”, bem como aqueles que o fazem com exagero, sem dar o
devido reconhecimento a qualquer “internacional”, também erram. O que é bom é
pra ser apreciado e reconhecido. E dar valor àquilo que é produzido em seu país
é inteligência emocional e visão nacionalista importante até para se
autovalorizar. Quem não o faz, e mais, quem condena, é candidato a verificar-se
quanto a sua saúde.
10 – A partir de sua experiência pessoal, o que
poderia dizer para aqueles e aquelas que pretendem publicar livros?
Para quem quer
publicar livros, eu digo: “Publique. Faça aquilo que sua vontade quer. E, tenha
certeza, você poderá ser criticado. E será. Mas valerá a pena ver suas palavras
expressas naquele papel, contendo sua realização. E, se daqui uns bons anos,
não ter vendido muitos livros, tenha a certeza de que alguns pares de olhos
irão lê-lo e admirarão o que, um dia, teve a coragem de dizer – tem sempre
alguém que estará disposto a sentir-se tocado pela sua alma”.
Parabéns pela linda entrevista, parabéns pela perfeita capacidade ou dom da escrita que é nata em você, sei que tem tudo para encantar seus leitores.
ResponderExcluirSão ótimos romances, quem ler vai confirmar o que eu falei. Desejo boa sorte para você e sua família abençoada, sucesso em seu trabalho.
Obrigada, amigoautor! Muito honrada com suas palavras! Eu recebo suas boas energias!
ExcluirParabéns Carla Póvoa pela excelente entrevista.
ResponderExcluirSou sua fã e estou já muito interessada na história de Izalon que conheci ainda no primeiro livro.
E estou tendo a oportunidade de ler o segundo com a Marta e estou apaixonada pela narrativa! Muivo sucesso para você e salve o povo cigano que aprendi a amar e a respeitar!Optchá!Beijos .
Obrigada, amigaautora! Receber tais palavras é um reconhecimento incrível para meu trabalho!
ExcluirGrande abraço a ti e a Lorena!
Parabéns minha amada esposa/autora. Suas respostas nessa entrevista só ratifica seu dom em manusear as palavras e construir histórias que nos envolve. Que venha logo o Livro 3 " Izalon, filho de Pablo."
ResponderExcluirIsso porque tenho a sorte de ter o apoio que vem de vc e de minha família, além de todos q apoiam keu trabalho. Obrigada!
ExcluirParabéns Carla Póvoa. Já conheço sua primeira obra publicada, Pablo o cigano de ouro e confesso que estou ansiosa para ter em mãos Izalon que com certeza também deve ser otimo.
ResponderExcluirDeus te deu um dom especial, o qual você tem nos presenteado.
Obrigada, minha querida! Tenho a sorte de ter apoios como o seu q me fazem cobtunuar adiante. Bjo e obrigada!
ExcluirAh, estou querendo ler o segundo e você me diz que ainda terá um terceiro. "Aguenta Coração" de tanta ansiedade.
ResponderExcluirParabéns Carla pela entrevista e por sua maravilhosa escrita, e saiba que o livro um é tão bom e tão cativante que a última coisa que fazemos é reparar nesses errinhos que você diz ter. Bjo grande.
Patty Freitas
Patty, munha querida! Quanta emoção saber disso!
ExcluirVc que sempre lembra de me incluir nas suas Antologias e revistas, me apoiando e me dando oportunidades.
Obrigada por suas palavras!
Ironi, amigautora, quanta honra pra mim "ouvir" isso de vc! Obrigada!
ResponderExcluirMuito boa a entrevista, Carla. Parabens.
ResponderExcluirObrigada, Antônio! Vindo de ti esse revonhecimento para mim é um troféu!
ExcluirAbraço!
Parabéns minha amiga/ irmã. Sempre acreditei no seu sucesso.Sua entrevista ficou maravilhosa.Já estou ansiosa para ler Izalon filho de Pablo.Saudades minha escritora favorita��������.Luciene
ResponderExcluirMuito obrigada, Lu!
ExcluirImportante ter vcs em minha vida e me apoiando nos meus escritos!
Saudades tb!
Parabéns, Carla.
ResponderExcluirGrande talento, excelente entrevista,ameeei!
Obrigada, Kelly!
ExcluirVindo de tanta leveza e jovialidade como a sua, vejo q posso alcançar horizontes diversos!
Bjo no coração!
Muito curiosa, o primeiro foi surpreendente. Magnífico. Sem contar nos contos, são perfeitos, nos prendem a atenção do início ao fim, tipo vivemos a estória...
ResponderExcluir... são memoráveis, não saem de nossa memória, inesquecíveis...
...Sem mais palavras pra tamanha competência.
👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏
Obrigada, amiga querida!
ExcluirSuas palavras me enobrecem mais do que mereço.
Bjo