Maranhense, professora universitária, formada em Letras e Mestre e Doutora em Políticas Públicas e Educação, organizou o livro Poemas de Portinari (Funarte), publicou a obra acadêmica Narrativas memorialísticas: por uma arte docente na escolarização da literatura(2010) e os livros de poesia Sobre pétalas e preces (2013), Diário de viagem para espantalhos e andarilhos (2014) e Cabeça de Antígona (2017). Também é autora do volume de contos A Memória é um Peixe Fora D’Água (2018). Seus textos estão presentes em coletâneas poéticas e sua atuação como escritora ainda inclui a participação em vários eventos literários no Brasil e no exterior.
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Leia dois poemas da autora no livro Casa de Bonecas para Elefantes.
perseguindo o corvo
nada está fora do lugar
os graves e os agudos
tocam o réquiem
de peso grama
nenhuma gota a mais
nada sobrando
o peso sobre a folha
um sonho profanado
dormir é morrer pequeno
peço que o coração pare
na miúda oração de anjo
mas o dia me espera como noiva
abotoando sessenta botões
nenhum fecha sangrias
não morrer todos os dias
morrer todos os dias
pólvora alguma será néctar
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Êxtase
Tão intenso esse ruído de memória batendo os cascos na terra ceifada.
A terra onde se pode acumular da pedra um corpo de memória.
Corpo dilacerado de memória, um gosto de poema na boca.
Uma sensação fina depurada de desgaste no que se resmunga,
a descoberta tardia de que uma topada na pedra é apenas uma topada na pedra.
Vasta ideia de lembrança deitada na cama
- vestido azul, sapatos pretos, brincos de prata,
a arrumação inútil do marido, rosto sem maquiagem,
um sopro feroz de vida nas narinas.
Nosso tempo se foi,
murchando em flores miúdas que me cobrem os olhos.
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