Eduardo Carvalho sempre atuou na
intersecção entre Cultura, Educação e Política, tendo emprestado da Comunicação
Social as ferramentas para as pontes. Estudou Farmácia e Bioquímica e Letras na
USP e formou-se em Comunicação Social na ESPM, licenciado em Língua Portuguesa
pela Universidade Nove de Julho. Foi professor, teatrólogo, jornalista,
publicitário, assessor político. Desde 2015, dedica-se exclusivamente à
Literatura.
foto cedida pelo autor |
Livros
Publicados: vejam sinopses e capas abaixo
O
Teatro Delirante (2014 – poesia erótica e lírica) pela Editora Giostri;
Retalhos
de Sampa (2015 – poesia) pela Editora Giostri;
Sessenta e
Seis Elos (2016
– romance) pela Fundação Palmares MinC;
Xadrez (2019 - romance)
pela Editora Patuá.
*Coletâneas
nos prêmios assinalados
Principais
Prêmios Literários:
1. Prêmio Oliveira Silveira
da Fundação Palmares – Ministério da Cultura, em 2015, com o romanceSessenta e Seis
Elos;
2. Concurso de Poesia de
Águas da Divisa MG no 32º FESTIVALE – Ministério
da Cultura, em 2015, com o poema Conta-gotas;
3. Concurso Nacional de
Literatura – Prêmio Cidade de Belo Horizonte, em 2016, com o romance Xadrez;
4. Prêmio de Incentivo à
Publicação Literária do Ministério da Cultura / Secretaria da
Cidadania e da Diversidade Cultural / Departamento de Livro, Leitura,
Literatura e Bibliotecas - 100 Anos da Semana de Arte Moderna de 1922 - MinC 2018, com a peça
teatral Evoé, 22!;
Participações
em Feiras:
XII Bienal
Internacional do Livro do Ceará - 2017 (Centro de Eventos do Ceará,
Fortaleza) – Painel Fundação Cultural Palmares. 21 nov 2017, 16h na
Sala José de Alencar;
Festa
Literária de Paraty 2017 (Casa Malê) – Painel Literatura
de Afrodescendência. 29 de julho, 11h na Casa Malê em Paraty;
Festa
Literária de Paraty 2019 (Páginas Editora) – Tarde de Autógrafos de Xadrez –
12 de julho – 15h na Casa da Porta Amarela em Paraty;
Bienal
Contagem 2019 – autor convidado para novembro de 2019.
O
Teatro Delirante
Livro
de estreia de Luiz Eduardo de Carvalho O Teatro Delirante é
uma reunião de poemas líricos e eróticos, nos quais são narradas experiências
de um grupo de teatro primitivo que, para vivenciar os mistérios dionisíacos,
buscava o despertencimento e a criação dos personagens substituindo o êxtase primitivo
por outro alcançado por intermédio de seus fetiches, janelas da sexualidade
aprisionada que pretendia comunicar-se com o mundo em forma de expressão
artística.
A
disposição dos poemas simula uma peça trágica clássica, dividida em atos, com o
coro a contrapontuar as vivências. Alguns poemas foram levados ao palco durante
a Virada Cultural de 2014 na capital paulista, acompanhados de rock n
roll ao vivo e performances fetichistas feitas pelo próprio grupo que
se encarnou e perpetuou no livro.
Retalhos de Sampa
Retalhos de Sampa é o livro de
Eduardo Carvalho que apresenta dois momentos de sua poesia. Dividido em dois
títulos, Centros de Mim com poemas gestados em
2014 e As Últimas Noites de Pompeia, com poemas selecionados
entre os compostos na primeira década deste século.
Em Centros
de Mim, há um mosaico de temas compartimentados em
intertítulos, mas que se entremeiam e se misturam, tornando difícil a tarefa de
agrupá-los: Efemérides, Teopatia, Poética, Ágora, Ego, Eros, Tánatos e Cronos.
Ao longo de
toda a obra, abre-se este leque de preocupações e reflexões, ora profundas, ora
bem humoradas – como nas piadas oswaldianas –, em que se mesclam e permeiam os
demais temas. É fácil seguir alguns dos lugares afetivos que o autor percorre
observando os personagens reais que compõem sua trilha poética. Assim, em
Efemérides aparecem textos sobre os dias do ator e do palhaço, dedicados
respectivamente a Gero Camilo e a Hugo Possolo – hoje, intimamente ligados ao
universo do teatro que Eduardo Carvalho sempre habitou. Em Ágora, é possível reconhecer
um sem número de personagens que habitam as praças do centro, retalho de Sampa
em que o poeta morou e trabalhou durante a gênese de Centros de Mim.
Menos ligada
aos extremos do ego, como o erotismo e a morte, ou mesmo à constatação da
inexorabilidade do tempo, em As Últimas Noites de Pompeia, a
difusão temática abre os flancos à experimentação tanto em alguns exercícios de
formalismo quanto na degustação de imagens e, sobretudo, de pensamentos
eminentemente poéticos. Uns tantos textos também dedicados neste volume
reforçam os traços do profuso entorno de suas inspirações e indicam já outros
retalhos do tempo desta metrópole em quinze anos de contemplação.
Retalhos
de Sampa faz
parte da coleção de Poesia Brasileira que a Editora Giostri mantém em constante
ampliação. Traz mais de 120 poemas em 186 páginas, com destaque para o curto
texto que a editora escolheu para a quarta capa e que parece sintetizar os
augúrios de todos os que esperam uma revitalização consistente da produção
poética brasileira:
que a pauta seja fértil
para que nasça a lira
onde só há erva daninha
onde o solo já é estéril
que seja exata a semeadura
para ser farta a colheita
a distribuição sem censura
e alguma justiça feita
que não seja última a ceia
para ser eterna a partilha
da obra do trigo e da vinha
feita escrita para que se leia
que seja feito de palavra
cada verso que sacia
com o fruto desta lavra
a fome de uma alma vazia
Sessenta e Seis Elos:
Escravizados na África, dois irmãos, filhos de reis congoleses são
trazidos ao Brasil, onde um fica a trabalhar na mina da Encardideira em Ouro
Preto e o outro parte em uma embarcação pirata francesa com refúgio no Haiti. A
partir dessa diáspora familiar, a narrativa bifurca-se e apresenta a sucessão
das gerações com personagens sempre ligadas, como coadjuvantes, a fatos
históricos determinantes nos quais os afrodescendentes foram protagonistas de
glórias e de perfídias.
Paralelamente, duas outras narrativas, contemporâneas, contam as
histórias de um brasileiro, capitão da aeronáutica, que serve nas forças de paz
no Haiti e de uma haitiana, bancária, que quer migrar de seu país em busca de
uma vida diferente ao lado da filha pequena. O presente revela-se o ponto de
confluência das linhas históricas que se desenvolvem simultaneamente até que
todas se fundam em um desfecho de convergências que se urdem pela tradição
cultural do passado remoto em território africano.
No contraponto do enredo central, uma série de histórias curtas e
sucessivas pontuam as semelhanças e as profundas diferenças da formação dos
dois países que servem de cenário: o Haiti, primeira nação negra livre fora da
África e o Brasil que se manteve escravocrata, com uma decorrente carga
cultural discriminatória que persiste ainda no presente.
A propensão ao gesto dramatúrgico na fala dos personagens, somada
à profusão de acontecimentos distribuídos na compartimentação ágil dos
capítulos, confere um tom que, sendo literário, induz a formulações
interpretativas espelhadas nas artes narrativas visuais, como o cinema e a
teledramaturgia.
Diásporas e resgates, separações e reencontros, perdas e glórias,
escravidão e poder, degradação e fortuna, fugas e lutas são alguns dos
antagonismos a amalgamar o enredo no envolvente e indistinto universo das emoções
humanas. Diversificado conjunto de narrativas de fatos cotidianos imersos em
crônicas históricas articuladas como os elos de uma trama cativante e
libertadora!
Noventa
Elos: segunda edição renomeada do romance em: https://www.amazon.com.br/Noventa-Elos-Segunda-renomeada-Sessenta-ebook/dp/B07N6M8W2L
XADREZ: romance premiado de
Eduardo Carvalho
" Nesta obra imperdível, Luiz Eduardo de Carvalho
revela-se o romancista da estratégia - Leida Reis, juri do Prêmio Cidade de
Belo Horizonte - 2016"
XADREZ é o novo romance de Luiz Eduardo de Carvalho, vencedor do Concurso
Literário Nacional -Prêmio Cidade de Belo Horizonte de 2016, lançado
pela editora Patuá numa edição ilustrada, com projeto gráfico e formato
especiais.
Em seu quarto título publicado, Luiz Eduardo de Carvalho nos
apresenta um romance epistolar que transcende o gênero com acréscimos de
poesia, resenha literária, cinematográfica e musical, além de traçar, en
passant, uma crônica de um período marcado pela transição política da
ditadura à democracia no Brasil. Não bastasse, é também o relato de um
emocionante embate entre dois enxadristas que colocam no tabuleiro as
determinações de suas existências. Joel - um carioca detento
em Fortaleza por ter assassinado a esposa e o amante - ao aceitar o convite
de Emanuel - um velho e solitário português recém-chegado ao
Brasil - para uma partida de Xadrez por correspondência, não podia supor, nos
primeiros lances, a íntima amizade que nasceria entre os dois estranhos e as
oportunidades que disso derivariam até um final surpreendente.
Segundo Luiz Eduardo de Carvalho, "XADREZ é
um livro que me permitiu revisitar alguns dos anos mais importantes de minha
formação intelectual e passear com liberdade pelas referências que substanciam
a minha própria literatura tal qual hoje a realizo como profissão. Livros,
filmes, músicas, fatos históricos e políticos que marcaram a transição da
ditadura para a democracia brasileira são alguns dos motivos pintados num
tabuleiro em que sempre se disputou o visceral jogo, mais ou menos explícito,
entre diferentes ideários, classes, interesses. Após vencer o Concurso
Nacional de Literatura - Prêmio Cidade de Belo Horizonte em 2016, XADREX aguardou
o tempo necessário para vir a público pela Editora Patuá numa
edição tão caprichada que foge ao padrão no mercardo para se tornar um amuleto
que, de certo, trará muito encantamento a cada leitor que, por meio da leitura,
comungar com todos de uma história cativante".
Leida Reis, do júri do Prêmio Cidade de Belo Horizonte / 2016, escreveu a
respeito da obra: "Então, tem certeza de que tudo o que está vivendo não
passa de artimanha alheia? Está preparado para ouvir alguém gritar
“xeque-mate”? Qual será sua surpresa ao perceber que absolutamente nada orbita
nos trilhos aos seus pés... Nesta obra imperdível, Luiz Eduardo de Carvalho
revela-se o romancista da estratégia. Enxergo cinema aqui". E isso talvez
se deva à agilidade na narrativa, conferida pela curta extensão das sucessivas
cartas que alternam, em ritmo cinematográfico, as diversas cenas que trazem
consigo para adensar as narrativas de fundo que, na verdade, constituem a
verdadeira trama invisível que se traça até um final surpreendente.
O Xadrez do título, na verdade, poderia expressar-se no plural, já
que, para além do jogo no tabuleiro e do cárcere em que se encontram os
personagens, há outros jogos em curso. Um qualificado leitor apontou que “o
primeiro lance desse jogo infernal não é o inaugural de uma partida que se joga
desde os dias de colônia”, outro do ramo psicanalítico afirmou que “Freud teria
engolido o charuto caso estivesse disputando tal partida”, traçando referência
ao jogo sexual que compõe outra camada desse tabuleiro de muitos estratos com
jogos concomitantes em cada um deles. Houve quem não se conformasse com a simpatia
desenvolvida, com uma certa ternura, pelos personagens abjetos que se
encarnaram nos protagonistas. Um velho preconceituoso, misógino, avaro. Outro,
um feminicida confesso e sem remorsos, convicto de seu ato. Talvez exatamente
por essas características que reste uma suspeita enfeitada de Síndrome de
Capitu ao cabo da leitura. Terá sido aniquilação ou salvamento a
correspondência que se propunha e se cumpriu como jogo? Eis o xeque posto ao
leitor.
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