quarta-feira, 26 de junho de 2019

Comentário sobre "Russos em Revista" de Andréa Casa Nova


Praticamente um ano após ter adquirido o livro, em lançamento aqui em BH, finalmente a pilha de livros foi abaixando e pude apreciar este exemplar organizado pela historiadora Andrea Casa Nova.


Recebendo o autógrafo da organizadora...

Trata-se de uma pesquisa feita nos arquivos digitais da Biblioteca Nacional. Foram consultadas algumas das revistas que circulavam no Brasil nas primeiras décadas do século passado.

Evidente que um fato da dimensão da Revolução Russa teria de ser comentado nessas revistas: Careta, Eu Sei Tudo, Fon-fon, A Leitura para Todos, o Malho, Para Todos e Revista da Semana.

Leitura relativamente rápida e gostosa. Importante para que possamos compreender como o anticomunismo foi se implantando no Brasil, haja vista que boa parte dos comentários na época e publicados nas revistas era constituída de críticas negativas ao que se passava na Rússia. Não seria diferente, já que tais revistas associavam-se a agências de notícias norte-americanas e europeias, que traduziam o medo da possível expansão revolucionária russa.



Como afirmou o professor Muniz Ferreira, “A imprensa brasileira não foi indiferente à revolução de outubro, veiculando aqui reportagens, análises e controvérsias a seu respeito.[...] foi sendo edificado um discurso anticomunista que, difundido por jornais e revistas, buscou legitimar e fortalecer concepções conservadoras no imaginário social brasileiro”.

E como a organizadora enfatizou: “Em linhas gerais, as revistas ilustradas, adotando a cartilha das agências de notícias europeias e norte-americanas de maior destaque, passam a relacionar o ‘maximalismo’ e os sovietes ao caos, ao roubo das riquezas dos burgueses, ao fim da família por contas das mudanças em relação ao trato das mulheres. Também difundem o medo da ameaça do crescimento do comunismo entre nós [...]"

Alguma semelhança com nossos dias?

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