quarta-feira, 5 de junho de 2019

Poemas de Portinari




Como parte das comemorações pelos seus 40 anos de atividade, o Projeto Portinari está lançando, em parceria com a FUNARTE, a nova edição do livro Poemas de Portinari. 



Originalmente publicada em 1964, organizada por Antônio Callado e prefaciada por Manuel Bandeira, a obra reúne os poemas que o artista passou a escrever quando foi proibido de pintar por recomendação médica. É uma nova visita a uma face pouco conhecida – ou até desconhecida – de Candido Portinari.

A nova edição não é apenas uma republicação. Pegando de empréstimo a arte primeira do autor, pode-se comparar o trabalho realizado no livro ao retorno à gênese de uma pintura numa busca/pesquisa palimpsesta, numa tentativa de arqueologia poética. Foram consultados manuscritos, diários e datiloscritos para recuperar a forma original dos poemas, algo que ainda não havia sido feito.

Esta tarefa ficou a cargo das pesquisadoras/organizadoras Patrícia Porto, Suely Avelar e Letícia Ferro, que realizaram o cotejo, retorno aos originais e mesmo a reestruturação das estrofes a partir do conteúdo poético. Aliada à pesquisa dos textos, também foi profunda a pesquisa de imagens, sempre na busca por uma interarte que respeitasse o possível desejo do autor: evitar ou minimizar qualquer assimetria entre o texto verbal e o texto visual. 

Dividida em quatro partes, O Menino e o Povoado, Aparições, A Revolta e Odes, o livro passou a acrescentar lustrações e reproduções de quatros de Cândido Portinari para que o leitor possa acompanhar e compreender o rico diálogo, a interação, as semelhanças e as diferenças entre o poeta e o pintor. 

Mas que ninguém se engane. Trata-se de um livro de poemas, que dialoga literariamente com outros autores e busca soluções estéticas próprias da escrita Ou como disse Marco Lucchesi no texto de apresentação: “Em vez de seguir o adágio ut pictura poesis, outro caminho se mostra mais aderente: Portinari como grande leitor de poesia, capaz de absorver os elementos fundadores da literatura brasileira no século xx, entre utopia e distopia, Macunaíma e Vidas secas, Pasárgada e as Gerais. Suas ideias se confundem com a nova geração de poetas, a mesma angústia, o mesmo desejo de reparação, com um sotaque existencial.”


Patricia Porto, organizadora

Nenhum comentário:

Postar um comentário