O título saiu de uma crônica: ‘O coração
das coisas’. A ideia não é mostrar aquele texto sobre o coração músculo e o
coração símbolo como o texto mais definidor. A ideia é que tudo possui uma
parte interna, um coração, uma alma para quem desejar, uma essência, se nosso
senso filosófico não estiver de mau humor. Olhar além da aparência, pensar o
interior de tudo, ver partes que a fala, o gesto e o fato parecem ocultar, eis
o motivo do título. Viver é decifrar signos ‘sem ser sábio competente’, como
cantava Violeta Parra. Os signos nos excedem, como excederam Violeta, que
acabou se matando. É sempre preciso ter esperança, muita paciência, humildade e
tentar, de vez em quando, ouvir o bater do coração das coisas. Esse tem sido o
meu desafio. Eis uma parte do meu itinerário pela frente. - Leandro Karnal
***
“Ver o todo pela parte e adensar coisas passageiras em seu sentido maior: eis minha maneira de encarar o coração de tudo.”
“Entre o herói e o canalha, existe uma outra
categoria, talvez a mais numerosa, o cúmplice silencioso, que nada fez para
ajudar e também não tomou parte direta nas mortes. A maioria calada é
sempre a face tranquila do mal em todas as épocas.”
“Nunca tantos seres humanos tiveram a
capacidade de ler. Nunca tantos leitores tiveram crescente dificuldade com a
interpretação do lido.”
“A dúvida incomoda muito e, não obstante,
dela nasce quase toda transformação científica ou de valores.”
“Viver é traduzir, ressignificar, adaptar,
compreender, refazer, trair, ser literal ou fugir do original em bela
licença poética.”
Leandro Karnal é historiador, professor, escritor, colunista
fixo do jornal Estadão,palestrante
e formador de opinião nas redes sociais. Publicou, pela Contexto, como autor e
coautor: Estados
Unidos: a formação da nação, História da cidadania, As religiões que o mundo esqueceu, O historiador e suas fontes, História na sala de aula, História dos Estados Unidos, Conversas com um jovem professor, O Brasil no Contexto: 1987-2017, Diálogo de culturas e O mundo como eu vejo.
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