Honrado com o comentário feito pela autora Luciana Hidalgo sobre meu primeiro romance.
Já comentei aqui no blog sobre o livro dela "Rio-Paris-Rio", leitura super agradável e cuja ação decorre na mesma época em que abordo no romance.
Olá, Ricardo, tudo
bem? Li enfim o seu romance “O amor nos tempos do AI-5”. Gostei da sua escrita
fluida e das questões políticas que atravessam as páginas, entremeadas ao
“amor” do título. Os conflitos familiares por conta da ditadura, por exemplo,
são muito bem explorados. Gosto especialmente das cenas na universidade, quando
o narrador explicita os bastidores de um professor de História e toda a censura
da época: a dificuldade de dar uma simples aula sobre o Nacionalismo na Europa,
porque boa parte da bibliografia entrou no ‘index’; a leitura clandestina de um
livro de Lênin; a aluna de filosofia desaparecida etc. Toda a tensão, a
paranoia e a violência do período estão muito bem caracterizadas. Toda a parte
histórica, aliás, é ótima. E você dá uma leveza à História ao transformá-la em
diálogos que fluem muito bem. Há um ótimo diálogo sobre feminismo e outro sobre
a possível relação entre liberdade sexual/repressão política (pela personagem
Celina). Gosto muito desse embate entre individual e coletivo, que, aliás, você
sabe, também exploro no meu “Rio-Paris-Rio”. Obrigada por me enviar seu livro.
Há muitas informações em comum entre nossos romances, é claro, já que os dois
se passam em 1968. Destaco mais uma: a citação à canção “Roda-Viva” do Chico. E
por fim conto uma curiosidade: meu pai se foi esse ano, e um dos últimos livros
que ele leu foi justamente o seu (eu tinha emprestado). Me ligou um dia para
dizer que gostou, destacando que havia muitas cenas de sexo (hehe). Então veja
só, você teve dois leitores para um único exemplar... Beijos para você e um
feliz 2018 com mais e mais resistências políticas, na vida e na literatura!
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