Semana passada apresentamos os livros da poeta Amanda Weaver e hoje damos ao conhecimento dos nossos leitores e leitoras a entrevista, que permitirá um melhor conhecimento desta jovem e bela autora:
1.
Fale um pouco sobre sua trajetória de vida,
antes de se dedicar à literatura.
Escrevo
há muitos anos, mas tomei a decisão de publicar quando me formei em Jornalismo,
em 2015. Aproveitei o fato de ser cantora e compositora para criar o projeto
“Música & Literatura” – show voz e piano, com músicas autorais, covers e
trechos dos livros. Ao longo dos anos, tenho equilibrado meu tempo entre o
estudo formal e o lado artístico.
2.
Quando descobriu sua “vocação” para escrever?
Na escola, sempre me destaquei em
disciplinas como Redação, Português, Inglês e História. Tive textos
selecionados para coletâneas publicadas pelo Colégio Santo Agostinho e uma
redação premiada em concurso do SINEPE-RJ, no terceiro ano do Ensino Médio. Sempre
cultivei paixão pela língua portuguesa e, talvez por isso, tenha resolvido
cursar faculdade de Jornalismo.
3.
Fale um pouco sobre os livros que já publicou.
“O avesso me rouba de mim – poesias de vidro
para refletir a alma”, publicado em 2015, reúne 55 poemas. Filosófico e corajosamente
romântico, o livro defende que, enquanto ao menos uma palavra arrastar seu
silêncio pelo mundo, os poetas viverão – e seremos protegidos pelo véu de
luminosidade que escolta o amor profundo.
“Tente mais tarde: o mundo está ao telefone”,
publicado em 2016, reúne 45 crônicas. Com humor e coloquialismo,
discute sobre como as pessoas vêm se relacionando no século XXI. A
ênfase dos textos é na geração que vivenciou a transição do analógico para o
digital. Ao refletir sobre o
momento ultratecnológico que vivemos, o livro oferece uma visão bem-humorada e crítica sobre o
ser humano do século XXI.
“Enquanto a luz mergulhar no espelho”, publicado em 2017, reúne 63
poemas. Localiza um tempo que traz a dimensão da perda e, paralelamente, inspira
o grito de liberdade: a juventude no século XXI. Em um universo subjetivo,
frenético, melancólico e estético, o eu lírico dialoga com o leitor e incorpora
impressões universais do homem às expressões do mundo moderno.
4.
Existe um que você gosta mais? Por quê?
Teria que ler todos no mesmo dia
para dar o veredicto! Mas acredito que cada um pontuou um momento intelectual e
emocional distinto e que, portanto, os três são igualmente importantes na
composição de minha obra e trajetória.
5.
Comente sobre sua experiência com editoras. Ou
você é adepta de produção independente?
Lancei meus três livros pela editora
Multifoco, que abriu as portas para eu ingressar no mercado editorial, em 2015.
6.
Nas entrevistas e bate-papos que acompanhamos
pela internet, verificamos que existe uma preocupação muito grande com a
revisão. Há livros sendo publicados sem revisão de espécie alguma, nem a
técnica (própria da editora) nem a ortográfica/gramatical. O que você pode nos
dizer a respeito? No seu caso particular, você contrata um(a) revisor(a)? Ou a
editora se encarrega disso?
Andam assassinando a língua
portuguesa! Sou farejadora de erros e, a cada instante, encontro alguns que
constituem verdadeiros golpes para os olhos! Volta e meia, abandono um livro,
porque a ausência de revisão ortográfica/gramatical supera minha disposição em
ler o conteúdo. Observo que a preocupação com esse aspecto está cada vez mais
escassa nas publicações atuais. E as próprias editoras, muitas vezes, evitam o
dispêndio de tempo e fazem vista grossa, porque os leitores são cada vez menos
exigentes e conscientes da importância de um texto bem escrito. No meu caso,
como jornalista, reviso exaustivamente os textos antes de formatar o arquivo
final. Confio na minha revisão e, inclusive, já editei textos de outras
pessoas. E minha mãe, também jornalista, assina a revisão de conteúdo – um
olhar externo é fundamental.
7.
Outro ponto chave para os novos autores é a
divulgação de suas obras. Pode nos dizer de sua experiência a respeito?
Esse é um ponto-chave até para
autores renomados, que precisam constantemente renovar suas estratégias junto
às editoras e a outros investidores. A web e, sobretudo, a internet móvel
provocaram uma mudança de paradigmas que gerou um universo fatiado, diluído e
confuso. Mesmo com uma divulgação maciça, a repercussão de determinado trabalho
literário ou artístico é uma incógnita, porque a demanda do público se atualiza
a cada clique. Para novos autores, penetrar numa fatia do mercado torna-se
tarefa ainda mais árdua. Normalmente, sem fartas injeções de dinheiro, o
conteúdo não tem alcance e fica desperdiçado em meio à concorrência. A minha
experiência até agora tem sido a divulgação dos lançamentos literários nas
redes sociais (minhas, da editora e da Fnac, quando lancei lá), por meios
físicos (flyer, banners) e pautas. Também disponibilizo periodicamente conteúdos
inéditos nas plataformas Facebook, Instagram, Blogspot e YouTube.
8.
Bienais e feiras de livros – são importantes
para os novos autores?
Participei pela primeira vez da Bienal
em setembro de 2017. A convite da editora Multifoco, autografei meus livros e
falei de literatura e música em debate com o Vitor Isensee (também poeta e
músico). Acho um marco importante no começo de carreira, quando o público ainda
está em construção. Rendeu-me frutos. Mas não aconselho autores independentes a
investirem em um estande próprio, se o retorno financeiro for uma variável de
peso.
9.
Ouvem-se muitos comentários depreciativos sobre
a literatura brasileira contemporânea. É comum ouvir-se algo do tipo “não
gosto, não leio autores nacionais”. E, sendo uma poeta, você já ouviu
comentários desse tipo? Em seu entendimento o que explicaria tal tipo de
assertiva?
Acredito que comentários dessa ordem
têm diminuído. Com as redes sociais e a democratização do acesso à tecnologia,
abriu-se uma demanda por textos de autores nacionais e desconhecidos. Em meio ao
quadro degradante do nosso país, a poesia vem ganhando força e se manifestando
na interseção com outros tipos de arte, como música, dança, grafite... Funciona
como flor no canhão, antídoto para tamanho descaramento político, oásis dentro
de um contexto cruel e desgastante. Acho que as pessoas adoram literatura e poesia
nacional contemporânea. O problema é que esse conteúdo não tem a devida divulgação
e, portanto, não chega a muitos potenciais consumidores.
10.
A partir de sua experiência pessoal, o que
poderia dizer para aqueles e aquelas que pretendem publicar livros?
Primeiramente, o autor deve decidir
se publicará de forma independente ou encaminhará o original para avaliação de
editoras. Há vários aspectos a serem analisados antes de considerar um material
publicável, como: extensão (o texto é suficiente para compor um livro ou seria
melhor transformá-lo numa série de artigos?); conteúdo (é relevante, original e
de qualidade?); online x offline (qual a principal plataforma para
disponibilizar meu conteúdo?); revisão e formatação (disponho de conhecimento,
imparcialidade e softwares para desempenhar essas funções ou é preferível
contratar um profissional?); etc. Aconselho que o autor respeite a língua
portuguesa e, ao finalizar o livro, espere o mínimo de um mês para se
distanciar do texto – adotando uma visão de editor/revisor. E que, acima de
tudo, seja honesto consigo. O medo de alterar, recomeçar ou até mesmo jogar o
texto fora é limitante.
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