quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Entrevista com autor(a) - Sonia Nabarrete

Continuando nossa série de entrevistas com autores e autoras nacionais, temos hoje Sonia Nabarrete, jornalista e que tem vasta produção, em termos literários. Vamos conhecê-la?




1.Fale um pouco sobre sua trajetória de vida, antes de se dedicar à literatura.
Nasci em São Caetano do Sul, no ABC Paulista, e sou jornalista profissional. Atuei em jornais, revistas, assessoria de imprensa e, durante muitos anos, em comunicação corporativa. Hoje trabalho como freelancer na produção, edição e revisão de textos. Ao longo da vida, também me dediquei à fotografia e agora desenvolvo um trabalho autoral focado em imagens poéticas.
Desde criança, amo ler e escrever, mas só comecei a me mostrar há cinco anos, já na maturidade, após ser selecionada em um concurso literário.

2.Quando descobriu sua “vocação” para escrever?
Sempre gostei de escrever. O nome da minha filha, Marina, é também o nome da protagonista de um conto que escrevi aos 15 anos. Mas meus textos de ficção eram mostrados apenas a poucas pessoas da minha intimidade.

3.Fale um pouco sobre os livros que já publicou. 
Em 2012, incentivada por uma amiga, a escritora Nanete Neves, participei de um concurso de contos promovido pela Giostri Editora e Espaço Parlapatões, em São Paulo. Fui a segunda colocada com A Cheiradora, que tem bem o meu estilo, uma mistura de erotismo e humor. O concurso rendeu participação na antologia Quem conta um conto.



Aí me animei e comecei a participar de oficinas de escrita criativa. De uma delas, com Marcelino Freire, surgiu a coletânea de contos A arte de enganar o Google, pela Editora Terracota. E da oficina com Luiz Bras, Um circo de percalços falsos – guia para a bibliotecária das galáxias, pela Editora Aspas.

















Participei também da antologia de contos O outro lado da notícia, pela Alink Editora,  e por três vezes da coletânea do concurso de Microcontos de Humor do Salão de Piracicaba.


Por meio da Silkskin, de Portugal, especializada em literatura erótica, participei com outros autores de Bad Girls (contos) e Erosário (poesia). 



 













Este ano, estive na antologia poética Hiperconexões-volume 3, organizada por Luiz Bras, que trata do pós-humano. Foi publicada pela editora Patuá. 
Ao lado de Vanessa Farias, organizei a antologia de contos Primeiramente, todos ambientados em uma manifestação contra Temer na av. Paulista. E lancei minha primeira novela, Eretos, pela Alink Editora.

 




 



















4. Existe um que você gosta mais? Por quê?
 Eretos, meu primeiro trabalho solo, é o preferido.   


Livremente inspirado no clássico romance de suspense E não sobrou nenhum (O caso dos dez Negrinhos), de Aghata Christie, Eretos tem fortes doses de humor e erotismo. Pessoas envolvidas em assassinatos são reunidas em um uma ilha na costa pernambucana, com a expectativa de concorrer a um prêmio milionário. Mas começam a ser mortas em meio a manifestações de priapismo, que é a ereção peniana dolorosa e prolongada, mesmo sem desejo sexual. Nas mulheres acontece transtorno equivalente, o clitorismo, que provoca dor e aumento anormal do clitóris. Muitos leitores me escreveram para contar que o livro tinha apimentado sua vida sexual. Fiquei feliz com este delicioso efeito colateral porque a intenção era apenas contar uma boa história.

5. Comente sobre sua experiência com editoras. Ou você é adepta de produção independente? 
Meus textos sempre foram publicados por editoras pequenas. As grandes ignoram autores que não são conhecidos e possam garantir um bom retorno de vendas. Não tenho recursos para bancar uma produção independente.

6. Nas entrevistas e bate-papos que acompanhamos pela internet, verificamos que existe uma preocupação muito grande com a revisão. Há livros sendo publicados sem revisão de espécie alguma, nem a técnica (própria da editora) nem a ortográfica/gramatical. O que você pode nos dizer a respeito? No seu caso particular, você contrata um(a) revisor(a)? Ou a editora se encarrega disso?
Editoras pequenas deixam a revisão a cargo do autor, que contrata um profissional para isso. Considero fundamental a revisão e faço esse trabalho para outros autores. 

7. Outro ponto chave para os novos autores é a divulgação de suas obras. Pode nos dizer de sua experiência a respeito?
Eu própria faço a divulgação das minhas obras, usando principalmente o facebook. Editoras pequenas não investem em marketing.

8. Bienais e feiras de livros – são importantes para os novos autores? 
São, sim, mas nunca tive a oportunidade de participar.

9. Ouvem-se muitos comentários depreciativos sobre a literatura brasileira contemporânea. É comum ouvir-se algo do tipo “não gosto, não leio autores nacionais”. Em seu entendimento o que explicaria tal tipo de assertiva? 
Gosto não se discute, mas definir uma leitura, levando em conta apenas a nacionalidade do autor, é um uma atitude preconceituosa, a velha síndrome de vira-lata. Há muita coisa boa na literatura nacional que vale a pena conhecer.

10. A partir de sua experiência pessoal, o que poderia dizer para aqueles e aquelas que pretendem publicar livros? 
Primeiro é necessário produzir algo de qualidade e para isso é indispensável ler muito bons autores para aprender a escrever. Recomendo, também, participar de oficinas de escrita criativa para aprimorar o texto, aprender a fazer leitura crítica e interagir com outros autores. As ministradas por Luiz Bras e Nanete Neves são excelentes. Pronto o texto, o autor pode participar de concursos literários, buscar oportunidades em pequenas editoras ou partir para a publicação independente. Outra alternativa, muito usada hoje, é a publicação digital, que não exige investimento financeiro.



2 comentários:

  1. Bacana a entrevista, parabéns ao Ricardo e à Sonia. Fiquei emocionada pela citação.

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  2. Muito boa a entrevista. Fiquei conhecendo um pouco mais da escritora. Sucesso.

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