Errar é humano, revisar, imprescindível - pelo revisor da Texto Ideal Josias A. Andrade
Na
produção de qualquer conteúdo escrito — impresso ou digital — é
imprescindível a atuação de um revisor de textos. O revisor, pelo seu
conhecimento e olho clínico, perceberá as falhas cometidas pelo redator.
Será capaz de perceber, por exemplo, um espaço a mais entre duas
palavras, identificar uma vírgula em lugar errado, sua falta ou seu uso
desnecessário.
Saberá usar corretamente
termos suscetíveis a dúvidas, como mau e mal; porque, por que, porquê e
por quê; sessão, seção e cessão; acender e ascender; dispensa e
despensa; concerto e conserto, entre tantos outros. Notará problemas de
concordância verbal e nominal, distinguirá advérbios e adjetivos, saberá
quando usar por e pôr; por e puser, fazer e fizer, ver e vir,
insipiente e incipiente — e estará atento à repetição de palavras nas
frases. Também saberá usar corretamente as orações subordinadas e
deixará os textos claros e objetivos. Policiará o uso do “que”, chamado
de “queísmo”, atentará para os cacófatos — alguns, engraçados; outros,
maliciosos — e ainda se encarregará de dar um basta no gerundismo, nos
vícios de linguagem e nos modismos disseminados pela mídia, que nos faz
crer que “por conta de” e “a nível de” — membros da mesma família — são
formas corretas de falar e escrever, e mais um sem-número de erros que o
escritor poderá deixar passar.
Que o escritor
ou o redator erre ao escrever é plenamente compreensível, afinal sua
função é escrever e a do revisor, revisar. Quando cada ator tem seu
papel bem definido na produção do texto, tudo funciona com perfeição e
todos saem ganhando, principalmente o leitor, elemento mais importante
nesse processo. Considerando que a revisão é etapa não obrigatória mas
recomendável, sujeitar-se-á ao risco o autor ou editor que dela abrir
mão. E o erro pode ocorrer em datas, números e informações. Isso é
comum, daí ser possível achar absurdos em livros já impressos, sem
revisão ou mal revisados. Como consequências advêm prejuízos com
reimpressão, a situação incômoda de dar explicações ao leitor ou
simplesmente ignorá-lo, como é bastante comum. Já questionei a respeito
de erros em livros que li e nem mesmo resposta obtive do editor. É
frustrante, mas isso é bem frequente. E o silêncio por parte do
editor/autor, neste caso, pode ser interpretado como um mea culpa.
No
que concerne ao revisor, deste profissional exige-se que perceba os
erros e aponte soluções, pois é seu papel deixar o texto isento de
quaisquer imperfeições. Para isso é necessário que use e abuse das
gramáticas, tenha em mãos dicionários específicos e apoie-se em manuais
de redação. Com relação aos manuais há quem condene seu uso, o que é uma
grande bobagem, pois neles há dicas importantes. Os manuais, tanto
quanto as gramáticas e os dicionários, devem fazer parte do ferramental
do revisor. Se fossem materiais de uso do redator/autor, talvez fosse
dispensável a presença do revisor.
Para
concluir, há editores e escritores que veem o trabalho de revisão como
despesa, quando deveriam enxergar como investimento. Mas não é só isso:
entre os novos escritores, os que estão esperando a chance de publicar o
primeiro livro, muitos pensam que escrever uma obra é digitar em Word,
mandar para a editora e aguardar a aprovação. Ledo engano! Trabalho
feito assim pode ser descartado de imediato. Errar é humano, mas para
resolver estes problemas é que existem os revisores. Munidos de lápis e
caneta marca-texto ou com a cara enfiada na tela de um computador, estes
profissionais — que devotam verdadeiro sacerdócio à atividade — dão
forma e sentido àquilo que antes parecia um emaranhado de palavras. Mas
aqui vai um alerta: é preciso que o revisor seja escolhido a dedo, pois
nesse meio também há os excelentes, os bons e os medíocres, mas isto é
tema para outra edição.
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