Conheço o autor desde a época que ele tomou como objeto de estudo. Ele está, neste livro, abordando a redemocratização, particularmente o momento traumático do primeiro impeachment da história brasileira.
Estevão Martins, da UnB, escreveu no
prefácio:
"A análise de Roberto Abdala Jr.
debruça-se sobre a interseção entre realidade empírica vivida - a
redemocratização e seu brusco abalo, no episódio do impedimento do Presidente
Fernando Collor, em 1992 - e a dramaturgia estética projetada (possivelmente
idealizada), em série de televisão sobre o movimento social de resistência
durante o regime civil-militar encerrado em 1985, intitulada Anos rebeldes,
transmitida por rede de ampla penetração no espaço social.
... Roberto Abdala lança mão da aparelhagem teórica e metódica da historiografia para deitar luz sobre a função esclarecedora que a narrativa histórica, inclusive em sua utilização em meio teleficcional, possui no meio social – uma função didática fundamental para o pensamento histórico. A questão que orienta seu estudo “pretende lançar nova luz sobre relações que têm fascinado cientistas sociais e artistas, ...[o] papel [d]as narrativas audiovisuais ... nas sociedades contemporâneas”. ....
O livro de Abdala Jr conduz o leitor por tais complexas sendas da
consciência histórica no mundo brasileiro contemporâneo, guiado pelas
diretrizes da mais atual discussão internacional relativa à feitura da
narrativa historiográfica e à inserção dela no espaço social em que os
indivíduos se conscientizam, orientam e agem."
O livro é resultado da tese de doutorado
defendida no departamento de História da UFMG (2009). A pesquisa visava a
compreensão do processo de interação entre a minissérie de televisão chamada
Anos rebeldes e o processo de impeachment do então presidente Collor de
Mello. Anos rebeldes foi produzida pela Rede Globo de Televisão e tinha como
contexto histórico e temático os anos da ditadura empresarial-militar
brasileira (1964/1988). Sua exibição se deu nos meses de julho e agosto de 1992
quando floresceram as manifestações públicas em apoio ao
"impeachment", nas quais a presença de jovens foi muito expressiva. O
livro demonstra como a minissérie, ao "organizar" (Williams)
elementos da cultura histórica (Rüsen) sobre a ditadura, articulou-as numa
narrativa que oferecia significados às práticas sociais que faziam parte da
cultura política dos anos 1960. Assim, recorrendo à narrativa teleficcional, os
jovens dos anos 1980 se engajaram na luta pelo impeachment de Collor, à
semelhança do que fizeram os jovens contra a ditadura nos anos 1960/70.
Roberto Abdala Junior foi Professor do Ensino Básico desde o início dos anos
1980 nas escolas de Belo Horizonte. Graduado em História (2001), mestre em
Educação (2003) e doutor em História pela Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG/2009). Tem pesquisado sobre processos de construção de conhecimentos
históricos mediados por filmes desde o mestrado. Seus trabalhos e pesquisas têm
por focos principais: as relações entre narrativas audiovisuais e
história/História; narrativas audiovisuais e históricas; Didática da História.
Atualmente é professor da Faculdade de História da Universidade Federal de
Goiás - UFG, leciona na graduação em História e nos Programas de Pós-Graduação
em História e também em Performances Culturais (ligado à Escola de Ciências
Sociais).
Ôh Ricardo, ainda não tive a oportunidade de te agradecer publicamente a resenha do livros: muito obrigado! Um mestre que me ensinou muito nos meus anos de formação. Abração!
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