Creio não ser necessário apresentar Leandro
Karnal, historiador que se transformou num quase mito das redes sociais.
Este livro, fruto de uma conversa dele com os
editores, traz para nossa reflexão um tema pouco discutido em profundidade,
porque incomoda muito. Estamos habituados a conviver com o ódio, mas é que
sempre “do outro”. Não aceitamos que nós também odiamos, seja na política, seja
no futebol, seja na religião. Nós sempre defendemos o nosso partido, o nosso
time, a nossa fé. Os outros estão errados e por isso nós os odiamos, ainda que
não sejamos capazes de nos reconhecer como portadores desse ódio.
É uma discussão que remonta a três grandes
pensadores, como ele próprio nos mostra neste texto. Rousseau, Hobbes e Locke.
Para o primeiro, o homem nasce bom, porém a
civilização o torna mau, violento e triste.
Para Hobbes, a natureza humana é regida pelo
egoísmo e pela autopreservação, o que torna o homem “lobo do próprio homem”.
Locke acredita no homem como tabula rasa e que os
conceitos de bom e mau são construídos por uma moral.
Particularmente eu sempre tive propensão a
acreditar mais em Hobbes, e o livro de Karnal acabou por corroborar essa minha
crença.
O livro de Karnal é importante para nos mostrar
que o ódio está presente não apenas em outros países, mas fundamentalmente, no
Brasil. Apesar de recebermos uma carga ideológica que afirma a nossa
cordialidade, a nossa ausência de preconceitos. Neste livro, Leandro Karnal
mostra que esse quadro pintado em cores ternas não resiste ao teste da
História. É uma de nossas ilusões, realimentada ao longo dos séculos.
Numa linguagem de fácil apreensão, o autor não só
disseca a natureza do ódio, da violência e do preconceito brasileiro, como
explora as origens de um sentimento universal que negamos e odiamos sentir.
Todos
contra todos – o ódio nosso de cada dia
Autor: Leandro Karnal
Editora:
LeYa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário