Tenho ouvido muitos comentários
sobre o “não gostar de literatura nacional”. Até coloco essa questão para meus
entrevistados aqui no blog, querendo entender a razão desse “não gostar”.
É algo espantoso, realmente. Nem
estou falando dos clássicos de nossa literatura, alguns traduzidos e aclamados
no mundo inteiro, mas de novos autores e autoras brilhantes.
Terminei de ler, recentemente, uma
dessas novas autoras e seu primeiro romance. Obra de fôlego, custa-me acreditar
que tenha sido a experiência inicial dela. Parece um texto de escritora
profícua, com grande produção. E, no entanto, é, de fato, a primeira obra dela.
Publicação independente, como temos visto tantas, uma vez que as grandes
editoras procuram o caminho mais fácil para lucrar, que é a tradução de autores
estrangeiros, alguns de qualidade duvidosa... em vez de apoiar os autores e
autoras nacionais.
Estou me referindo ao livro “Nas
montanhas do Marrocos”, de Luisa Bérard, autora que tive o prazer de conhecer
na Bienal Internacional do Livro de Pernambuco, em outubro passado.
Uma história envolvente, que se
passa na metade do século XIX, inicialmente na Inglaterra. Acompanhamos a
trajetória de uma personagem, Katherine, uma mulher à frente de seu tempo, que
se interessava por coisas diferentes, não usuais às mulheres da época, mais
preocupadas em arrumar bons casamentos entre seus pares. Pois ela diferia dessa
imagem. E, por razões que não quero adiantar, ela se vê numa viagem à Grécia que irá mudar completamente sua vida.
Isso porque ela acaba chegando ao Marrocos, em um contexto absolutamente impensável para uma nobre inglesa. A história se desenrola com muita emoção, sensualidade,
descrições de locais incríveis (eu sou capaz de apostar que a autora conheceu
pessoalmente todos os locais que descreve com riqueza de pormenores!).
E um final imprevisível... que não
será objeto de spoiler, claro!
Na dedicatória feita para mim, ela
me desafiou a tentar compreender as sutilezas e anseios da alma feminina.
Confesso que consegui. Mais do que
isso, determinadas passagens do romance dela me reportaram a algumas
semelhantes de meu romance e foi com imenso prazer que percebi as sutilezas, a
elegância, os anseios... e as sensíveis diferenças entre um texto masculino e
um feminino.
Só espero que, quando eu crescer, eu
consiga escrever com tal elegância, finura e riqueza de detalhes que só as
mulheres conseguem atingir.
Parabéns, Luisa! E que venham novos
livros magníficos como este!
Ricardo, muito obrigada pelo seu lindo texto... Adorei seu olhar feminino! Inclusive, acabei de fazer a divulgação desta resenha na minha página do Facebook (@LuisaBerardEscritora). Beijos e até breve!
ResponderExcluirRealmente é um livro espetacular, a autora é de uma sensibilidade rara. Parabéns Luísa, terminei de ler Nas Montanhas do Marrocos e não estou conseguindo me concentrar a outra leitura.
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