terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Um poeta mineiro pouco conhecido das novas gerações



Emílio Guimarães Moura nasceu em Dores do Indaiá (MG), em 1902 e faleceu em 1971, em Belo Horizonte. Poucos sabem que ele foi um dos nomes mais representativos da Literatura Brasileira da fase modernista. 
Em 1949 ganhou o Prêmio de Poesia da Academia Mineira de Letras. 
Em 1969 recebeu o prêmio do Pen Club do Brasil, e o Prêmio de Poesia do Instituto Nacional do Livro.
Além de poeta, foi um dos fundadores da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade de Minas Gerais, hoje integrada à UFMG. Exerceu o cargo de primeiro diretor dessa escola.
Suas obras são as seguintes:

  • Ingenuidade (1931)
  • Canto da hora amarga (1936)
  • Cancioneiro (1945)
  • O espelho e a musa (1949)
  • O instante e o eterno (1953)
  • A casa (1961)
  • 50 Poemas escolhidos pelo autor (1961)
  • Itinerário Poético (1969)
Para quem conhece e para quem não conhece, dois poemas de Emílio Moura:

Noturno de Ouro Preto

Que alada figura aquela
transformada em algo lívido?
Que pedia? Que falava
de sua órbita aérea,
com suas múltiplas vozes?
Ah, noite, há muito submersa
em labirintos de sono!
Quem chamava? Quem sofria?
Quem jogava com o segredo
de tantas áreas ignotas?
Que espectro, a vagar, tecia
o próprio avesso do sonho?
E aquele morrer de novo
a cada inútil aurora?
O ardor, o ritmo brusco
da vida jogada fora,
com tantas, tantas raízes
perdidas, esmigalhadas?
Que era tudo? Que era
aquele fluir do tempo
como invisível cortejo
como vento no caminho?



Mundo imaginário


Sob o olhar desta tarde,
quantas horas revivem
e morrem
de uma nova agonia? Velhas feridas se abrem,
de novo somos julgados, o que era tudo some-se
e num mundo fechado outras vigílias doem.

A noite se organiza e, no entanto, ainda restam
certas luzes ao longe. Ah, como encher com elas
este ser já não-ser que se dissolve e deixa
vagos traços na tarde?

 

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