quarta-feira, 29 de abril de 2020

O que vem por aí...

Graças à quarentena, estou conseguindo terminar mais um romance, que, espero!, estará publicado no segundo semestre. Título: Diário secreto de Bia. Ela foi a personagem feminina que mais se destacou na trilogia que publiquei recentemente e agora vai ganhar um livro só para ela!






Além dele, e já neste semestre, o Diário de um sargento da FEB, que já está contratado e na editora para finalização.



Então... aguardem!!!

Revista Gueto - novidades


revista gueto publica entre março e junho textos de ficção e de não ficção dos autores convidados da Printemps Littéraire Brésilien a partir do tema norteador deste ano: Brasil: (im)possíveis diálogos. Os textos vão ao ar primeiro individualmente no portal e depois serão reunidos em e-book (orgs. Leonardo Tonus e Christiane Angelotti) para download gratuito. 


Já estão no portal 11 autores, e vem muito mais por aí. Leia tudo em: https://revistagueto.com/tag/printemps2020/
Arte da imagem: Vítor Rocha
Aproveite a quarentena para ler também nossos e-books e nossas revistas de literatura para download gratuito, são edições trimestrais, edições especiais, coletâneas temáticas e os livros breves do selo independente Gueto Editorial.
Veja na aba superior do portal: https://revistagueto.com/
E, lembre-se: #fiqueemcasa

Revista Bunker de literatura e artes


A Revista BUNKER de literatura e artes N. 1, editada por Mario Alex Rosa e Jardel Dias Cavalcanti, é publicada pela Galileu Edições.


Traz um dossiê sobre Décio Pignatari por Augusto de Campos e Rafael Belúzio, poemas inéditos de Arnaldo Antunes, Julio Castanon, Guilherme Mansur; tradução de poemas por Sérgio Alcides, e arte de Gerald Thomas e Felipe Florêncio.

Valor: 35 reais (já incluso envio). Interessados em adquirir falar com o Jardel Dias Cavalcanti (Facebook) ou jardeldias1@hotmail.com. Obrigado e fiquem em casa.

Simone de Beauvoir em palestra


Uma das melhores Palestras gravadas na Idea Casa de Cultura sobre a Vida e Obra de Simone de Beauvoir:



Disponível em nossa plataforma online!

Sobre a palestrante:

" A Profa. Maria de Lourdes Gouveia está há mais de 42 anos ensinando sobre Filosofia e Mitologia Grega".

Vantagens

6 motivos que mostram por que você precisa saber sobre a vida e obra de Simone de Beauvoir:

1. Para ela, a mulher é um ser autônomo, sim!
2. E mais: 'Não nasce mulher, torna-se'.
3. As mulheres morrem por causa das imposições sociais.
4. As mulheres envelhecem e não são menos por isso.
5. Quem disse que não dá para se relacionar e ser livre?
6. E, por fim, Simone se declara assumidamente FEMINISTA.



Simone de Beauvoir
O corpo e os limites do desejo



Palestra com a Professora Doutora Maria de Lourdes Gouveia

Sobre a palestra:

"... o verdadeiro acontecimento - o surgimento do novo, as rupturas e mudanças de comportamento - não pode ser excluído da tarefa e do edifício do saber, necessita converter-se em algo comunicável e transmissível, enfim, ser tratado como linguagem". Assim explicita o Prof. José de Anchieta Correa. Amparados nas afirmações citadas escolhemos esta figura feminina que atuou no século XX como formadora de uma linguagem inovadora e forte, Desenhou uma nova possibilidade de ser no mundo das realidades objetivas desse século conturbado e violento.

 


terça-feira, 21 de abril de 2020

1968: Perspectivas desde o tempo presente

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Enciclopédia da Diáspora Africana, de Nei Lopes


Quilombo Intelectual

Você conhece a Enciclopédia da Diáspora Africana, escrita por Nei Lopes?
Esta obra, reúne, num único volume, uma significativa massa de informações multidiscilplinares sobre o universo da cultura africana e afro-brasileira. Traz ao conhecimento de um público amplo, assuntos até agora restritos a especialistas e de difícil acesso ao público leigo. Os verbetes, em ordem alfabética, abrangem uma vasta área de conhecimentos, incluindo personalidades, fatos históricos, países, religiões, fauna, flora, festas, instituições, idiomas, etc.
Para adquirir esse livro, clique emhttps://amzn.to/3clLKLt



Sobre o autor
Nei Braz Lopes nasceu na cidade do Rio de Janeiro, no subúrbio de Irajá, em 9 de maio de 1942, filho de Eurídice e de Luiz Braz Lopes. Bacharelou-se pela Faculdade Nacional de Direito da antiga Universidade do Brasil, em 1966. É advogado, compositor, escritor, poeta, contista, sambista, pesquisador da cultura afro-brasileira e teatrólogo. Teve seus poemas publicados em vários jornais, tais como: Tribuna da Imprensa, Jornal do Comércio, Correio da Manhã e na Revista Civilização Brasileira. Recém-formado, abandonou a carreira de advogado, profissão que o angustiava, conforme depoimento a Haroldo Costa (1982), o autor via na “advocacia uma atividade sufocante pelo formalismo a que esta profissão obrigava e pelo embranquecimento para o qual lhe empurrava”, passando a dedicar-se à música e à literatura.
Músico desde 1972 é reconhecido nacionalmente pela parceria estabelecida com Wilson Moreira – renomado sambista brasileiro e por ter suas músicas gravadas pelos grandes interpretes do samba nacional. (Fonte: Literafro UFMG).

Rimbaud, o Viajante e o Seu Inferno.



Rimbaud, o viajante e o seu inferno é um romance biográfico sobre a vida do famoso poeta. Profundamente poética, a narrativa é estruturada num registro polifônico, na medida em que a sua história de vida é descrita na primeira pessoa por Arthur Rimbaud e pelas várias personagens da sua vida, nomeadamente a mãe, Madame Rimbaud, Paul Verlaine, a mulher de Verlaine e Isabelle Rimbaud, a irmã do poeta.


As manifestações precoces de Arthur Rimbaud na produção poética manifestam-se num contexto familiar conflituoso, em constantes confrontos com a mãe. As suas fugas de Charleville, a tentativa de singrar nos meios literários em Paris, a sua ligação a Paul Verlaine definem-se, ainda e sempre, por oposição à mãe. O fim quase trágico da relação com Verlaine e a indiferença de Paris em relação ao seu talento, conduzem-no aos desertos da Abissínia, onde acabará por conhecer o amor, mas também sofrerá um acidente que precipitará a sua morte com 37 anos.


Cidade de mim, de Rodrigo Bro


No momento em que vivemos tantos conflitos (intra)pessoais decorrentes dos desafios impostos pela sociedade contemporânea, publica-se esta obra de Rodrigo Bro – Cidade de mim –, em que encontramos poemas marcados pelos saudosismo, constituído por uma visão paradoxalmente leve e tensa em relação ao passado. 

O próprio título do livro já sugere uma temática cujo caminho percorrido volta-se para si mesmo, numa espécie de introspecção do eu que enuncia. A infância, a vida no campo, a família, a escola, a fé, a religiosidade, o caminhar pela vida são alguns dos temas que permeiam os versos do autor. 
Todos os poemas revelam uma intensa carga de lirismo, explicitada pela harmonia da linguagem, que se configura em versos sonoros, que aumenta a carga de subjetividade, revelando as profundezas de um eu que enuncia, levando o leitor não só a interagir com os poemas, mas permite-lhe viajar ao passado, ao mesmo tempo distante e próximo. As metáforas, os jogos de linguagem dão maior sensibilidade a cada verso que constitui a obra. É a voz de um verdadeiro menino-poeta, que havia a casa-poema, sentindo a terra, o ar, a água, o fogo da existência humana. [Por Sandro Luís]

segunda-feira, 20 de abril de 2020

Um livro sobre o coronavírus para crianças

Um livro sobre o coronavírus para crianças (e feito por uma criança de 4 anos!)

por Cristina Moreno de Castro
Pra fechar a semana com consciência e graça, com a sabedoria de uma criança de 4 anos, compartilho aqui, no lugar da tradicional pérola do Luiz, um livrinho que ele fez para explicar o coronavírus a outras crianças.
Ele ilustrou o livro todo e ditou o texto para o pai, que escreveu exatamente o que ele dizia. Depois grampearam e, quando voltei do trabalho, me mostraram o resultado encantador.
É a mente e o olhar de um pequeno mostrando muito mais maturidade que muito adulto por aí (inclusive o presidente), que ainda insiste na teoria absurda de que tudo não passa de um complô universal.
Compartilhe com seus amigos que têm filhos também! Clique sobre qualquer imagem para ver todas em tamanho real:
Ilustrações e texto: Luiz Moreno

P.S. O Luiz está encarando esta quarentena muito, muito MUITO melhor do que eu! Crianças são muito mais resilientes e flexíveis do que nós, e se adaptam facilmente a todas as dificuldades. Aprendamos com elas😉
(fonte: blog da kika castro)

quarta-feira, 15 de abril de 2020

‘Sobre os Ossos dos Mortos’: uma pensata sobre a velhice, a loucura e nossa relação com a natureza



Infelizmente tive a má ideia de começar a ler “Sobre os Ossos dos Mortos”, de Olga Tokarczuk (Nobel de Literatura de 2018) pouco antes de a pandemia do coronavírus estourar no Brasil. Digo má ideia porque este é um livro sombrio, ou, no mínimo, soturno. A começar pelo título, não de trata de literatura fácil de digerir em tempos já naturalmente deprimentes como os que estamos vivendo.



Dito isso, o livro é muito bom. Deixa uma impressão sobre a gente, como poucos fazem. Fui lendo vagarosamente, poucas páginas por noite, antes de dormir, até conseguir uma folga na Páscoa e devorá-lo um capítulo após o outro, de uma tacada só.
Apesar de ser mais fácil ver este livro como um manifesto (ou um panfleto) pelo respeito aos animais, achei muito mais interessante encará-lo como uma pensata sobre o envelhecimento, sobre a solidão e sobre a loucura.

Três temas universais e atemporais, dignos de uma Prêmio Nobel. A personagem principal, sra. Dusheiko, é o que podemos chamar de uma pessoa com um claro parafuso a menos. Uma excêntrica. Ela é a narradora da história e vai costurando tudo de um jeito muito peculiar, entremeando os fatos com suas impressões sobre eles, e com reflexões que nos fazem pensar por um bom tempo.

E ela faz essas descrições de maneira única, apelidando tudo e todos (seus melhores amigos são Esquisito, Dísio e Boas Novas; o vizinho é Pé Grande, o outro é Capa Preta, a escritora é Acinzentada, e assim por diante), enquadrando o mundo a seu olhar perturbado e perturbador. A descrição que ela faz, por exemplo, logo no início do livro, de algumas corças a encarando calmamente quando ela chega à casa do vizinho, é de arrepiar até os pelinhos do dedão do pé. Ficarei com esta cena na cabeça por muitos anos ainda.
Mas sobre o que é o livro, afinal? Recomendo que não leiam nem a orelha nem as costas da edição brasileira, porque contêm spoilers. Mas vou fazer uma resenha ultrarresumida: num pequeno lugarejo ermo da Polônia, onde todos se conhecem, onde a caça de animais e a coleta de cogumelos são os passatempos mais corriqueiros, começam a acontecer algumas mortes suspeitas.

Seria uma espécie de romance policial, não houvesse no meio disso tudo a vidinha da sra. Dusheiko, com sua televisão ligada em um só canal, as traduções dos poemas de William Blake, as rondas pelas casas da redondeza, os discursos irados e cartas que ela envia e nunca são respondidas, o baile dos catadores de cogumelos, o entomologista que quer proteger os besouros do desmatamento desenfreado, a noite de bebedeira, as moléstias que a paralisam de dor, os pesadelos etc.

Não fosse a obstinação da personagem por astrologia e mapas astrais, os quais ela cita a cada duas páginas, e o livro com certeza seria ainda melhor. Entendo que esta persistência ajuda a compor a personagem aparentemente biruta, que vê o mundo todo ultraconectado e regido por planetas, que pensa saber a hora e a causa de sua morte desde o dia em que nasceu. Seja como for, mesmo com todas estas referências astrológicas irritantes, o melhor do livro são as tiradas filosóficas que ele solta entre uma cena e outra, quando menos esperamos. Vou folheá-lo aqui despretensiosamente e pinçar alguns desses trechos:

“Quando chegamos a uma certa idade, precisamos entender que as pessoas sempre ficarão irritadas conosco.” (página 31)

“Fico comovida ao ver imagens de satélite e da curvatura da Terra. É verdade, então, que vivemos na superfície de um globo, expostos ao olhar dos planetas, abandonados num enorme vazio, onde, após a queda, a luz se aglutinou em pequenos fragmentos e arrebentou? É verdade. Deveríamos ser recordados disso todos os dias, porque nos esquecemos. Iludimo-nos achando que somos livres e que Deus nos perdoará. Pessoalmente, acho o contrário. Todas as boas ações transformadas em pequenas vibrações de fótons serão lançadas, enfim, para o cosmos como um filme ao qual até o fim do mundo será assistido pelos planetas.” (página 45)

“Quem sente ira e não age, propaga a pestilência.” (página 57)

“Temos este corpo, esta bagagem que só causa problemas, e, de fato, não sabemos nada sobre ele. Precisamos de diversas ferramentas para nos informar sobre os processos mais simples. Não é ridículo que, da última vez que o médico quis verificar o que estava acontecendo com meu estômago, me mandou fazer uma endoscopia? Tive que engolir um tubo grosso e foi necessária a ajuda de uma câmera para que o interior de meu estômago se revelasse. A única ferramenta primitiva e grosseira que nos foi dada como consolação é a dor.” (página 81)

“Os irônicos sempre têm uma visão de mundo da qual se gabam triunfalmente. Entretanto, se alguém começar a insistir e os questionar sobre os pormenores, descobre-se que ela é composta de trivialidades e banalidades.” (página 87)

“Vivemos cercados. Se examinássemos de perto cada fragmento de um instante, nos engasgaríamos aterrorizados. Nosso corpo passa por um incessante processo de desintegração, em breve adoeceremos e morreremos. Nossos entes queridos nos deixarão, a recordação deles se dissipará na agitação; não sobrará nada. Apenas algumas roupas no armário e alguém uma foto, já irreconhecível. As lembranças mais preciosas se desvanecerão. Tudo tombará na escuridão e desaparecerá. (…) Toda inconsciência é um estado abençoado.” (páginas 118 e 119)

“A vida é uma espécie de campo de manobras experimentais muito exigente. A partir desse momento, tudo o que você fizer contará, cada pensamento e cada ato. No entanto, eles não servirão para te castigar ou premiar depois, mas porque constituirão seu mundo. Assim funciona essa máquina.” (página 201)

“As pessoas são capazes de entender apenas aquilo que inventam para si mesmas e é com isso que se alimentam.” (páginas 213)

“Sempre gostei quando as pessoas se reuniam sem precisar conversar. Se pudessem fazê-lo, imediatamente começariam a contar asneiras, fofocas, começariam a enrolar e a se gabar.” (página 215)

Pensando bem – e é isso o que a escritora polonesa Olga Tokarczuk mais provoca na gente, o pensar –, a sra. Dusheiko, por mais louca que seja, é muito menos louca do que os ditos “normais” ao seu redor. E eis o que o livro mais pretende incutir em nós, seus leitores: a que ponto estamos todos mergulhados em uma sociedade injusta, equivocada e, em vários aspectos, hipócrita. Sabendo disso, de que lado ficaremos, dos sãos ou dos excêntricos? Ou melhor: de nenhum dos dois?

Sobre os Ossos dos Mortos
Olga Tokarczuk
Tradução de Olga Baginska-Shinzato
Ed. Todavia, 2019 (2a reimpressão)
253 páginas
De R$ 44 a R$ 56