Objetivo apresentar temas para discussão sobre a Literatura Brasileira. Também um espaço grande será dado à divulgação de novos autores e autoras nacionais.
quarta-feira, 29 de maio de 2019
O cérebro no mundo digital, de Maryanne Wolf
“Neste bem pesquisado livro, Wolf
apresenta argumentos lúcidos para ensinar nosso cérebro a abraçar a era da
tecnologia digital.” - Alberto Manguel
“Maryanne Wolf vai para o cerne da
questão: ler é um ato político e a velocidade da informação pode diminuir nossa
capacidade de pensamento crítico.” - Corriere della Sera
“Este rico trabalho da cientista
Maryanne Wolf trata de uma questão urgente: como os dispositivos digitais
afetam o cérebro leitor? Wolf explora as camadas cognitivas abaixo da
superfície das palavras, a desmotivação das crianças saturadas pelos estímulos
em telas e o poder da leitura profunda e de textos desafiadores.” - Nature
“A era digital está efetivamente
remodelando o circuito de leitura de nossos cérebros. Mas há esperança,
argumenta Wolf: a leitura profunda, contínua, é vital para desenvolver
novamente a atenção e manter o pensamento crítico, a empatia e outras
habilidades em perigo de extinção.” - The Wall Street Journal
“Wolf mantém os pés no chão ao
apresentar sugestões para ensinar crianças pequenas a serem competentes,
curiosas e contemplativas em um mundo inundado por estímulos digitais. Este é
um chamado claro para pais, educadores e desenvolvedores de tecnologia para
trabalhar com o objetivo de reter os benefícios da leitura, independentemente
do suporte.” - Publishers Weekly
***
O que acontece no nosso cérebro quando
lemos? Como a multiplicação de telas nas nossas vidas afeta a forma como lemos?
E quais os perigos – e oportunidades – da leitura digital? Essas questões são
analisadas pela neurocientista norte-americana Maryanne Wolf. Com base em
diversas pesquisas, a autora mostra a importância da leitura profunda na
história da humanidade e como ela está ameaçada. Mas nos dá esperança: é
possível educar as crianças para que sejam duplamente letradas, tanto em livros
impressos quanto em leitura digital. Dessa forma, elas poderão aproveitar o
melhor dos dois universos.
A neurocientista Maryanne Wolf recebeu
diversos prêmios acadêmicos e é incansável defensora do letramento das crianças
ao redor do mundo. Diretora do Center for Dyslexia, Diverse Learners, and
Social Justice na UCLA (Universidade da Califórnia) e professora da Tufts
University, é autora de mais de 160 publicações científicas
Campanha de financiamento para o livro "As aventuras sensoriais de Théo"
O mundo sensorial é mesmo surpreendente.
Ele está aqui ao nosso redor, diariamente nos bombardeando de sons, cheiros,
sabores e toques. Porém, com o tempo nos acostumamos tanto a isso que nem
percebemos mais.
No
meu caso, eu comecei a notar verdadeiramente as aventuras sensoriais diárias a
partir de um certo dia que recebi uma folha de papel em mãos com uma frase
esquisita: Transtorno do Espectro Autista. Era o laudo médico do meu filho
Henrique, na época com cinco anos.
A
partir desse dia, compramos a passagem só de ida para esse novo mundo: o mundo
sensorial. Precisávamos aprender mais sobre ele, pois eram essas alterações
sensoriais que faziam meu precioso filho ficar tantas vezes perturbado e agir
de forma diferente das outras crianças.
Esse
papel mudou nossas vidas para sempre e, a partir dele, um novo personagem
surgiu: Théo.
O
livro "As Aventuras Sensoriais de Théo" traz as vivências de um
menino com autismo, mostrando o quanto as alterações sensoriais podem
interferir na qualidade de vida dessas crianças.
Quando
falamos em autismo, muitos mitos permeiam a mente da população, de modo geral.
Crianças que adquirem a fala e conseguem se comunicar através dela não são
compreendidas em suas dificuldades, pois a população pensa se tratar de
problemas comportamentais.
Com
interesse em quebrar esse mito e divulgar o autismo para o maior número de
pessoas, surgiu o livro.
Lançado
em maio de 2018, As Aventuras Sensoriais de Théo" teve sua primeira edição
esgotada em setembro do mesmo ano.
Assim,
essa campanha de financiamento coletivo tem o propósito de arrecadar fundos
para que o livro continue disseminando informações e sensibilizando o maior
número de pessoas sobre o autismo, suas características e a necessidade
eminente de compreensão para que ocorra a verdadeira inclusão social dessas
crianças no contexto em que vivem.
Objetivo
O
projeto pretende imprimir 500 exemplares do livro “As aventuras sensoriais de
Théo”, motivada pelo sucesso da primeira edição, esgotada nos primeiro meses de
publicação. Com isso, expandir o alcance da obra para servir de ferramenta ao
professor e demais profissionais da área da Educação para entender as condições
e peculiaridades de uma criança com autismo a partir de sua percepção de mundo,
facilitando o processo de inclusão social.
Você sabia que um estudo revelou que 1 em cada 59 crianças tem autismo? E o que você sabe sobre
autismo?
Todos os dias, mães e pais me contactam nas mídias para tirar
dúvidas, perguntar que rumo seguir, o que fazer...
Com o apoio do livro As Aventuras Sensoriais de Théo, pude levar informação para muitas
escolas e instituições.
Trabalhar com isso é algo muito
prazeroso, traz alegria infinita ao meu coração. Cada vez que visito alguma
escola ou converso sobre autismo com alguém que não tinha nenhum conhecimento
sobre isso, sinto que uma pequena semente foi plantada. Com carinho, empatia e
respeito, essa semente se tornará em uma linda planta de aceitação genuína das
diferenças.
Para que esse trabalho tenha
continuidade, preciso da sua contribuição.
Acesse o link do projeto e
veja as maneiras de ajudar.
Tenho certeza que juntos chegaremos ao 100% da meta para continuar essa missão!
Novo número da revista Divulga Escritor
Está sendo
disponibilizado para leitura a 39ª edição da Divulga Escritor: Revista
Literária da Lusofonia, abaixo link para acesso gratuito a revista.
Desejando
participar da próxima edição é só encaminhar um e-mail informando o que deseja
divulgar para análise editorial.
Estamos com
promoção de participação para divulgação de livros,
Divulgar um
livro, sendo sinopse, imagem de capa, opção para compra, pelo valor de R$30,00
(trinta reais), dois livros por R$50,00(cinquenta reais).
Nosso e-mail
Clique no link
ou imagem abaixo para leitura gratuita da edição de N.39.
Do que estamos falando quando falamos de estupro, de Sohaila Abdulali
Depois de sobreviver a um estupro
coletivo aos 17 anos em Bombaim, Sohaila Abdulali ficou indignada com o
silêncio ensurdecedor que se seguiu e escreveu uma coluna inflamada sobre a
percepção acerca do estupro – e de suas vítimas – para uma revista feminina.
Trinta anos depois, sem aviso, seu artigo voltou à tona e viralizou, na esteira
do estupro coletivo ocorrido em Nova Deli, em 2012 (que resultou na morte da
vítima), incentivando Abdulali a escrever outro artigo para o New York Times –
que circulou amplamente – sobre o processo de cura de um abuso sexual. Agora, a
autora apresenta "Do que estamos falando quando falamos de estupro":
um olhar profundo, generoso e inflexível sobre o estupro e a cultura do
estupro.
Partindo de sua própria experiência, bem como de seu trabalho atendendo centenas de vítimas nos Estados Unidos, além de três décadas de trabalho intelectual feminista, Abdulali encara algumas das questões mais espinhosas sobre o tema. Em entrevistas com sobreviventes do mundo todo, ouvimos relatos emocionantes de força encontrada na adversidade, no humor e na sabedoria que contam, em conjunto, uma história maior sobre o significado do estupro e como a cura pode advir. Abdulali também aponta questões sobre as quais não conversamos: Um estupro é sempre um evento que define uma vida inteira? Um estupro é pior do que outro? Um mundo sem estupros é possível?
"Do que estamos falando quando falamos de estupro" é um livro para a época de movimentos como #MeToo, #TimesUp e #MeuPrimeiroAssédio, que vai permanecer com seus leitores – tanto homens quanto mulheres – por muito, muito tempo.
DADOS DO PRODUTO
título: DO QUE ESTAMOS FALANDO QUANDO FALAMOS DE ESTUPRO
isbn: 9788554126346
segmento específico: ESTUDOS DE GENERO
idioma: Português
encadernação: Brochura
formato: 14 x 21 x 1,3
páginas: 256
ano de edição: 2019
ano copyright: 2019
edição: 1ª
isbn: 9788554126346
segmento específico: ESTUDOS DE GENERO
idioma: Português
encadernação: Brochura
formato: 14 x 21 x 1,3
páginas: 256
ano de edição: 2019
ano copyright: 2019
edição: 1ª
autor: Sohaila Abdulali
tradutor: Luis Reyes Gil
Telmah - a tragédia do desencontro, de André Carretoni
André Carretoni, nascido no Rio de Janeiro, em 11/01/1971, cedo se apaixona pelas artes; aos 27 anos, graças aos seus conhecimentos de informática, dá uma reviravolta em sua vida e parte do Brasil, à procura de novas experiências.
Vive por seis anos em Lisboa; faz o Caminho Português de Santiago de Compostela, inscreve-se em um curso de pintura em Florença e escreve “Piedade Moderna”, seu primeiro romance. Vive por dois anos na Suíça; escreve “Mais Alto que o Fundo do Mar”, envia contos e crônicas para os sites Tertúlia e Bonjour Brasile frequenta o Laboratório de Escritura Criativa à Distância do Instituto Camões.
Depois de quatro anos em Paris, no encalce da Geração Perdida, instala-se em Nice, publica seu livro “Mais Alto que o Fundo do Mar” em francês (“Plus Haut que le fond de la Mer”) e escreve “TELMAH, A Tragédia do Desencontro”.
“Sua originalidade e, com isso, a certeza de que muitas pessoas irão lê-la duas vezes. Na primeira, irão se surpreender; na segunda, irão lê-la como se a estivessem lendo pela primeira vez.”
Boa leitura!
Escritor André Carretoni, é um prazer contarmos com a sua participação na revista Divulga Escritor. Conte-nos, o que o motivou a ter gosto pela
arte de escrever?
André Carretoni - O escritor americano Ernest Hemingway, mesmo que tenha sido de fora para dentro. No início, eu me apaixonei pela sua vida; em seguida, apaixonei-me pelos seus livros; e, finalmente, apaixonei-me pelo seu estilo literário. Até hoje, não há nada que simbolize mais a minha busca como escritor do que a Teoria do Iceberg, princípio que ele dominava.
quarta-feira, 22 de maio de 2019
Mulheres Intelectuais na Idade Média
Mulheres intelectuais na idade média: entre a
medicina, a história, a poesia, a dramaturgia, a filosofia, a teologia e a
mística
Marcos
Roberto Nunes Costa; Rafael Ferreira Costa
É
corrente afirmar-se que, antes da chamada Modernidade, não há registro de
mulheres na construção do pensamento erudito. Que, se tomarmos como
exemplo a Filosofia e a Teologia, as quais foram as duas áreas do conhecimento
que mais produziram intelectuais durante a Idade Média, não encontraremos a
presença das mulheres intelectuais nesse período. Realmente, se nos basearmos
em alguns dados empíricos, como, por exemplo, os Manuais ou Compêndios de
Filosofia (comumente chamados de História da Filosofia), pelo menos na sua
grande maioria, não aparece nenhuma mulher na lista dos chamados Filósofos.
Também nos Manuais de Teologia há uma ausência total das mulheres. Esses e
outros exemplos levam à afirmação corrente, porém não muito científica, de que
o Pensamento Ocidental é essencialmente machista, no sentido de que foi ou é
construído exclusivamente por homens. Entretanto, apesar de todas as evidências,
se vasculharmos a construção do Pensamento Ocidental veremos que as mulheres
sempre estiveram presentes, contribuindo indireta ou diretamente, seja como
sujeito passivo ou ativo desta história. E até é possível identificar a
presença de algumas delas já nos tempos remotos, na Filosofia Clássica Antiga,
por exemplo, passando pela Antiguidade Tardia, pela Patrística (ou Alta Idade
Média), pela Escolástica (ou Baixa Idade Média), até alcançarmos o
Renascimento.
Corpo História - João da Marta e Juniele Rabêlo (orgs)
A corporalidade do processo histórico é a questão que atravessa os textos deste instigante livro, organizados em dois eixos: analítica do poder e cultura libertária; narrativa e memória da resistência. Seus capítulos, produzidos por pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento, discutem posições distintas acerca do papel do corpo na constituição, entre tempo e narrativa, do saber histórico. Cada texto, assim, possui sua especificidade e confirma que ainda há muito para se discutir a respeito do corpo na História – um campo vasto permeado por compromissos éticos e políticos redimensionados, muitas vezes, pela cultura libertária.
_ Conteúdo _
Introdução: Experimentações narrativas entre
corpo, história e resistência libertária
João da Mata e Juniele Rabêlo de Almeida
João da Mata e Juniele Rabêlo de Almeida
CORPO-HISTÓRIA, ANALÍTICA DO PODER E CULTURA LIBERTÁRIA
O corpo-Terra
Edson Passetti
Edson Passetti
Histórias insurgentes inscritas nos corpos: A
arte-luta da capoeira e a política libertária
João da Mata
João da Mata
Heterotopias do corpo na escola? Pensar
Foucault com Schérer
Sílvio Gallo
Sílvio Gallo
Ocupar e resistir: Cinema, corpo e educação
nas ocupações estudantis
Amanda Calabria e Rodrigo de Almeida Ferreira
Amanda Calabria e Rodrigo de Almeida Ferreira
Trajetória de Vida – José Maria Carvalho
Ferreira: Anarquia, corpo e resistência
José Maria Carvalho Ferreira, João da Mata e Juniele Rabêlo de Almeida
José Maria Carvalho Ferreira, João da Mata e Juniele Rabêlo de Almeida
CORPO-HISTÓRIA, NARRATIVA E MEMÓRIA DA RESISTÊNCIA
Merleau-Ponty, Fernando Pessoa e Kopenawa:
narrativas sobre o corpo, a arte e o mundo
Gisele Batista Candido
Gisele Batista Candido
Corpo negro, história e memória: A recuperação
do poder usurpado em Maria Beatriz Nascimento
Francisco das Chagas Fernandes Santiago Júnior
Francisco das Chagas Fernandes Santiago Júnior
Vamos sentar ali e existir: Narrativas orais
de mulheres trans sobre constituição, visibilidade e direito aos seus
corpos
Marcela Boni Evangelista e Marta Gouveia de Oliveira Rovai
Marcela Boni Evangelista e Marta Gouveia de Oliveira Rovai
Corpo, presença e identificação na pesquisa em
ensino de História
Eleonora Abad Stefenson e Everardo Paiva de Andrade
Eleonora Abad Stefenson e Everardo Paiva de Andrade
Ressonância e tessituras gestuais dos corpos
nas pesquisas com História Oral
Luís Vitor Castro Júnior e Ana Rita Queiroz Ferraz
Luís Vitor Castro Júnior e Ana Rita Queiroz Ferraz
POSFÁCIO: Memória do corpo-resistência e práticas de liberdade: Narrativas autobiográficas sobre o encontro com Beatriz Nascimento Manifesto em primeira pessoa
Ana Paula S. de Jesus
Pequena homenagem a Beatriz Nascimento
Carlos Addor
Carlos Addor
Novo número da revista Varia Historia
Novo número da Varia Historia saindo do forno! Neste número,
trazemos o dossiê "Cultura escrita no mundo moderno", organizado por
Márcia Almada e Guiomar de Grammont, além das seções de artigos livres e
resenha.
Link de acesso:
Centelha – haikais, poesias e contos curtos, de Geraldo Elísio
Geraldo Elísio é consagrado
jornalista mineiro, natural de Curvelo. Já publicou “Plenário à moda antiga”,
“Toada de Asfalto” e “Baú de repórter – memórias do Jornalismo Analógico”.
Seu último livro é este que acabei de
devorar. “Centelha – haikais, poesias e contos curtos”.
Eu e o autor, na noite de lançamento. |
Haikais são aqueles poemas de três
versos, criação japonesa. Ele nos brinda com exatos 104 neste livro, dos quais
eu destaco este:
Bem ou mal me quer?
Buscava a moça o futuro.
A flor nada disse. (p.41)
Das 143 poesias, escolhi uma apenas
para exemplificar, porque vale a pena ler e fruir todas elas:
Jurisprudência
Não se desvencilha do amor
tal operário
não consolidado
pela Consolidação das Leis do Trabalho.
Não se esquece do amor
igual a ex-ídolos de estádios.
Depois somente amarelos
recortes de álbuns.
E não se coisifica
o amor
para deixá-lo
encostado.
Em se tratando de amor,
certas coisas não se fazem. (p.124)
E ainda
ele nos brinda com 33 contos curtos, de rara beleza.
Está
esperando o quê? Corre para comprar o livro!
Sobre o autoritarismo brasileiro. de Lilia M. Schwarcz
Valendo-se de uma ampla reunião de
dados estatísticos, Lilia M. Schwarcz examina algumas das raízes do
autoritarismo brasileiro, bastante antigas e arraigadas, embora frequentemente
mascaradas pela mitologia nacional.
Compre na pré-venda e receba o livro autografado pela autora.
Compre na pré-venda e receba o livro autografado pela autora.
Os brasileiros gostam de se crer diversos do que são. Tolerantes, abertos, pacíficos e acolhedores são alguns dos adjetivos que habitam frequentemente a mitologia nacional. Neste livro urgente e necessário, Lilia M. Schwarcz reconstitui a construção dessa narrativa oficial que acabou por obscurecer uma realidade bem menos suave, marcada pela herança perversa da escravidão e pelas lógicas de dominação do sistema colonial.
Ao investigar esses subterrâneos da história do país — e suas permanências no presente — a autora deixa expostas as raízes do autoritarismo no Brasil, e ajuda a entender por que fomos e continuamos a ser uma nação muito mais excludente que inclusiva, com um longo caminho pela frente na elaboração de uma agenda justa e igualitária.
DADOS DO PRODUTO
título: SOBRE O AUTORITARISMO BRASILEIRO
isbn: 9788535932195
idioma: Português
encadernação: Brochura
formato: 14 x 21
páginas: 288
ano de edição: 2019
edição: 1ª
isbn: 9788535932195
idioma: Português
encadernação: Brochura
formato: 14 x 21
páginas: 288
ano de edição: 2019
edição: 1ª
Lilia Moritz Schwarcz nasceu em 1957, em São Paulo. É professora titular no Departamento de Antropologia da USP e Global Scholar na Universidade de Princeton (EUA). Seu livro As barbas do imperador: D. Pedro II, um monarca nos trópicos ganhou o prêmio Jabuti de Livro do Ano, em 1999. Além deste, publicou também: O espetáculo das raças, O sol do Brasil (prêmio Jabuti de melhor biografia, 2009), D. João carioca — história em quadrinhos sobre a chegada da Corte portuguesa ao Brasil, em coautoria com Spacca —, entre outros e Um enigma chamado Brasil, com André Botelho (prêmio Jabuti ciências sociais, 2010). Dirigiu a coleção História do Brasil Nação em seis volumes, sendo três volumes indicados para o Jabuti.
quarta-feira, 15 de maio de 2019
Casa de boneca para elefantes, de Patrícia Porto
Maranhense, professora universitária, formada em Letras e Mestre e Doutora em Políticas Públicas e Educação, organizou o livro Poemas de Portinari (Funarte), publicou a obra acadêmica Narrativas memorialísticas: por uma arte docente na escolarização da literatura(2010) e os livros de poesia Sobre pétalas e preces (2013), Diário de viagem para espantalhos e andarilhos (2014) e Cabeça de Antígona (2017). Também é autora do volume de contos A Memória é um Peixe Fora D’Água (2018). Seus textos estão presentes em coletâneas poéticas e sua atuação como escritora ainda inclui a participação em vários eventos literários no Brasil e no exterior.
***
Leia dois poemas da autora no livro Casa de Bonecas para Elefantes.
perseguindo o corvo
nada está fora do lugar
os graves e os agudos
tocam o réquiem
de peso grama
nenhuma gota a mais
nada sobrando
o peso sobre a folha
um sonho profanado
dormir é morrer pequeno
peço que o coração pare
na miúda oração de anjo
mas o dia me espera como noiva
abotoando sessenta botões
nenhum fecha sangrias
não morrer todos os dias
morrer todos os dias
pólvora alguma será néctar
***
Êxtase
Tão intenso esse ruído de memória batendo os cascos na terra ceifada.
A terra onde se pode acumular da pedra um corpo de memória.
Corpo dilacerado de memória, um gosto de poema na boca.
Uma sensação fina depurada de desgaste no que se resmunga,
a descoberta tardia de que uma topada na pedra é apenas uma topada na pedra.
Vasta ideia de lembrança deitada na cama
- vestido azul, sapatos pretos, brincos de prata,
a arrumação inútil do marido, rosto sem maquiagem,
um sopro feroz de vida nas narinas.
Nosso tempo se foi,
murchando em flores miúdas que me cobrem os olhos.
Comentário sobre Pito, o anjinho canino
Trata-se de um livro que avós, tios e pais deveriam comprar e dar para seus netos, sobrinhos e filhos.
É uma história verídica, de um cãozinho adotado. Ele tinha uma deficiência numa das patas e em pouco tempo descobriu-se que ele estava com leishmaniose.
Como a autora é veterinária, além de narrar a história do cãozinho até sua morte, ela colocou no livro também indicações preciosas sobre a leishmaniose. Depoimentos foram também colocados, de pessoas que conviveram com o cãozinho.
E muito importante para quem possui animais de estimação são os Mandamentos que ela apresenta ao final. Observações significativas sobre os cuidados com os bichinhos, a necessidade de eles serem levados a passear para "esticar as pernas" e socializar-se com outros.
Uma leitura prazerosa e que vale a pena!
Lançamento: Poli escolhe, de Cláudia Rezende
Casal estreia na
literatura com livro sobre as escolhas das crianças
Ela escreveu, ele desenhou.
Foi assim que nasceu Poli escolhe, livro que o casal Cláudia Rezende (autora) e
Douglas Cardoso (ilustrador) lança no próximo dia 25 de maio, das 10h às 13h, pela
Páginas Editora, no Museu das Minas e do Metal da Gerdau, na praça da
Liberdade. O texto, que fala das escolhas — ou não escolhas — que partem das
crianças, foi escrito há dois anos, quando, curiosamente, o casal gestava outra
obra, esta, prima, que é a filha deles, hoje com 1 ano e 8 meses. Para abordar
a temática da escolha das crianças, a autora, que é jornalista, pensou em uma
situação muito comum entre as gerações, que é a definição de qual vai ser o
time de futebol do coração do filho. Assim, a partir de um encontro num
parquinho, a dúvida se estabelece na protagonista, e o enredo se desenvolve,
com Poli muitas vezes colocando os adultos contra a parede.
A ideia, conforme a
jornalista, é propor a reflexão sobre as interferências que os pais fazem nas
escolhas dos filhos e a possibilidade de proporcionar a estes o desenvolvimento
da autonomia do pensar já desde a infância. O livro não deixa, também, de levar
uma mensagem de paz entre as torcidas, já que a rivalidade deve ser mesmo só
nos gramados, certo?
Assim que escreveu o
texto, Cláudia o enviou para o esposo, que gostou da história. Depois, ela fez
o convite para que ele, que é formado em Matemática e atua na área de
tecnologia, fizesse as ilustrações. “Ele já tinha me mostrado desenhos e até um
jogo infantil que tinha criado e desenhado há muitos anos. Então, achei que
seria a melhor pessoa para, naquele momento, embarcar nesse projeto comigo.
Acabou dando certo, porque ele entendeu a personagem”, conta a autora.
No dia do
lançamento, haverá contação de histórias, com a contadora Vanessa Corrêa, e
sorteios de outros livros infantis a cada meia hora. Além disso, o livro virá
com dois brindes: um marcador e uma cartela de adesivos Poli escolhe. Para quem
quiser dar uma esticadinha, após o lançamento, o museu terá programação
própria, também destinada às crianças, o projeto “Uma tarde no museu”.
Serviço
Lançamento Poli escolhe – Cláudia Rezende
(texto) e Douglas Cardoso (ilustrações)
Data: 25/5/2019
Horário: das 10h às 13h Local: Museu das Minas e do Metal da Gerdau, praça da
Liberdade, s/n, Belo Horizonte/MG Informações: Páginas Editora – (31) 3412-5669
Forjando a democracia: a história da esquerda na Europa
Em “Forjando a democracia: a história da esquerda na Europa,
1850-2000” (Editora Perseu Abramo, 2005), Geoff Eley relata o caso de Edith
Lanchester, que, em outubro de 1895, comunicou à família “sua intenção de ir
viver com James Sullivan numa união de “amor livre”: estavam apaixonados e se
opunham por princípio ao casamento como instituição social porque ele destruía
a independência das mulheres”. Lanchester e Sullivan militavam no Partido
Socialista Britânico, fundado em 1884. “Ele, um operário autodidata de origem
irlandesa; ela, a filha com educação universitária de uma próspera família
londrina de classe média” (p.37).*
A reação dos homens da família à decisão da jovem socialista foi
violenta:
“No dia anterior ao início da união livre, o pai de Edith e três
irmãos vieram aos seus aposentos acompanhados pelo doutor George Fielding
Blandford, um conhecido especialista em doenças mentais. Depois de uma curta
reunião, durante a qual Blandford discutiu com Edith a questão do casamento,
invocando as prováveis consequências do nascimento de filhos e os perigos de
ser abandonada, ela reafirmou calmamente sua decisão. Blandford se retirou e
assinou um atestado de insanidade em favor da família, com o que os irmãos
arrastaram Edith para fora de casa, jogaram-na numa carruagem, amarraram seus
pulsos e a deixaram numa instituição privada do sul de Londres. Apesar de seus
protestos, o médico responsável a internou. O objetivo era salvá-la do
“suicídio social” e da “completa ruína”, como explicou Blandford, porque “seu
cérebro fora prejudicado pelas reuniões e [pelos] textos socialistas”[1] (Ibidem).
À atitude patriarcalista do pai e irmãos de Edith Lanchester
soma-se o absurdo do amparo pretensamente científico da autoridade médica. A
pretensa neutralidade da ciência revela-se mero engodo que reforça a ideologia
machista-patriarcalista. É clara a motivação familiar de impedir a qualquer
custo o intento da jovem. Mas quais seriam as reais motivações do referido
doutor em oferecer resguardo à família para o encarceramento de Edith? A
solidariedade masculina, o interesse monetário? Ainda que sejamos transigentes
e levemos em consideração que os algozes acreditassem que, apesar de toda a
violência, agiam por uma boa causa, isto é, para salvar a vítima, nada
justifica a atitude opressiva. O mais grave é que ações deste tipo são
legitimadas pela predominância da cultura machista na sociedade. Com efeito,
mesmo nos tempos atuais não é difícil encontrar discursos e práticas que
terminam por culpabilizar a vítima.
Felizmente, há resistências. A Federação Socialdemocrata (SDF) e
o público contrário à prisão da jovem Edith protestaram:
“Sullivan requereu um habeas
corpus e alertou a imprensa; organizaram-se reuniões públicas
em favor de Lanchester dirigidas pelos líderes do movimento; e alguns
militantes da SDF passaram a noite diante do hospital. Em resposta ao
requerimento, dois especialistas em loucura declararam que Edith tinha a mente
sã, ainda que desorientada, e ordenaram que ela tivesse alta, o que só
aconteceu depois de alguma demora” (p. 37-38).
Edith, finalmente, foi libertada. Após o ocorrido, ela rompeu
com a família e deu sequência a seu propósito. Ela foi proibida de lecionar,
devido às suas posições socialistas, e qualificou-se como secretária, chegando
a trabalhar com a filha de Karl Marx, Eleanor Marx, nos anos de 1896-98. “A
união dos dois durou toda a vida; ele morreu em 1945; ela, em 1966. Sua segunda
filha, Elsa Lanchester Sullivan (nascida em 1902), tornou-se atriz conhecida”,
nota o historiador Geoff Eley (Ibidem, p.574).
O “caso Lanchester” teve ampla repercussão e provocou intenso
debate internamente e fora do público socialista. As manifestações no interior
da social-democracia refletem seus limites. Como ressalta Eley (p. 38):
“A própria SDF defendeu os direitos de Lanchester, mas, apesar
de condenar seu sequestro e o abuso da lei e de concordar com a sua crítica do
casamento, defendeu a observância pragmática do “mundo como ele é” e criticou a
“ação anarquista” individual ou “revolta pessoal”.[2] O partido estava mais preocupado em
se dissociar das doutrinas do “amor livre”: elas alienavam possíveis novos
membros, inflamavam o público em geral e, impropriamente, introduziam questões
pessoais na política.”
A crítica esboçada pela SDF revela o cuidado com a imagem
perante a sociedade e, simultaneamente, a postura transigente diante dos
valores predominantes à época – os quais encontravam eco no interior da
social-democracia. É o tributo que a liderança social-democrata concede à
sociedade patriarcalista com o intuito de resguardar o partido do radicalismo
e, assim, conquistar apoio e adesões. Com efeito, o proletariado masculino
encontra-se imerso na ideologia patriarcal – mesmo os militantes
revolucionários não estão imunes ao machismo.
Não obstante, o “caso Lanchester” mostra que a posição
pragmática e cuidadosa dos líderes socialdemocratas não é unânime. Ainda que
minoritários, há os que aplaudem o “exemplo nobre e altruísta” de Lanchester
como um golpe contra esta era de hipocrisia”. O semanário socialista
independente Clarion,
de Robert Blatchford, declarou: “Os socialistas acreditam que a mulher tem o
direito de fazer o que quiser com o próprio corpo […] desafiando tabus, leis,
costumes e os bem-pensantes” (apud in ibidem, p. 38). Havia, então, “um meio
radical muito mais variado, em que se incentivava a dissidência cultural”, afirma
Eley (ibidem).
A polêmica em torno do “caso Lanchester” revela a força do
ideário machista dominante na sociedade e sua influência na militância
revolucionária. Ao mesmo tempo, expõe a crítica radical aos valores
burgueses-patriarcais. Embora esta postura seja significativa, apesar de
minoritária, e sua presença possa ser identificada em diferentes épocas e
contextos do movimento operário, o elemento predominante é o machismo –
reproduzido, inclusive nas relações de gênero internas ao campo socialista.
Mesmo líderes e militantes que reconhecem a opressão masculina e apoiam a luta
pela emancipação feminina, terminam por secundarizar e atrelar a resolução das
desigualdades de gênero à questão de classe. Assim, a emancipação das mulheres
é adiada para o horizonte da futura sociedade socialista. Foi preciso que as
mulheres se organizassem em torno dos seus próprios interesses e rompessem com
o discurso da primazia da luta de classes, ainda que reconheçam sua
importância.
Contudo, mesmo com o fortalecimento da luta das mulheres, os
argumentos da SDF ainda ecoam no presente. Salvo exceções, as relações de
gênero, em todas as esferas sociais, permanecem pautadas pela opressão
masculina e subordinadas à cultura machista, dissimulada ou explícita.
Infelizmente, outros capítulos desta triste história continuam a ser escritos.
O “caso Lanchester”, a despeito do passar dos anos, é atualizado
cotidianamente, ainda que sob outras formas de opressão, como a violência
doméstica e o feminicídio.
* As
citações são de: ELEY, Geoff. Forjando
a democracia: a história da esquerda na Europa, 1850-2000. São
Paulo: Editora Perseu Abramo, 2005.
[1] Ver:
HUNT, Karen, Equivocal
feminist: the Social Democratic Federation and the woman
question, Cambridge, Inglaterra, Cambridge University Press, 1996, p. 96,
citado por ELEY.
[2] Em
nota, o autor escreve (p. 574): “Foi esse o comentário editorial no semanário
da SDF, Justice,
de 2 de novembro de 1895”.
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