quarta-feira, 8 de abril de 2020

Entrevista: Maria Delboni

E hoje temos mais uma entrevista com autora da Liga de autores mineiros. Vamos conhecer Maria Delboni.





1.       Fale um pouco sobre sua trajetória de vida antes de se dedicar à literatura.

Sou Maria da Cunha Lima Delboni, mineira. Nasci em Jacui, vivi infância e adolescência em Passos, cidade mineira no sudoeste. Casada, mãe de 4 filhos e hoje com 4 netos.  Fui adolescente curiosa com o mundo dos livros, idealista e futurista, por isso a profissão – Professora. Cursei Faculdade de Letras na UFMG, sou pós-graduada em língua Inglesa e Doutora em Ciência da Educação. A aventura no mundo das palavras começou como Freelancer   em um jornal  brasileiro em Boston –  Massachusetts em 1987. Depois descobri minha verdadeira vocação – os contos, e participei de diversas Antologias junto com outros autores. Fui colunista do “Varal do Brasil”, revista brasileira editada em Genebra, Suiça.  Comecei o voo solo com “As Asas do Tempo”, livro onde relato e critico os valores  e  os costumes dos anos 60.  Em 2017, lancei“ Tempos de Arranjos” , a continuação da saga Sabrina em minha critica aos modismos brasileiros.  Ainda em 2017 lancei Explorando o Português, uma leitura diferente da língua Portuguesa, fruto de minha experiência de 30 anos de magistério. Em 2019 lancei “Tempo de Liberdade” o terceiro volume da série Memórias com a personagem Sabrina, agora sexagenária, se debatendo entre seus valores recebidos e a liberdade dos anos 2000.
Sou membro da AJEB, Associação de Jornalistas e Escritores do Brasil e também Membro da NALAP, Núcleo Acadêmico de Letras e Artes de Portugal.

2 Como você descobriu sua vocação para a Literatura?

As palavras sempre rondaram o meu cotidiano, estiveram comigo desde que aprendi a ler e escrever, dentro e fora da escola. Minha infância foi embalada pelos contos dos irmãos Grimm; depois na adolescência, por força de hábito, me aventurei pelos contos de amor, e dormia com José de Alencar e acordava com Machado de Assis ou Aluisio de  Azevedo que me traziam à realidade dos desejos e das traições.
E acordada construía meus próprios contos na imaginação – contos que tinham vida curta ou que se enovelavam por dias, em busca das melhores palavras, para um melhor desfecho
 Palavras sempre as palavras.
Na profissão – professor, mais do que levada pelo trabalho em si, estava o desejo de lidar com as palavras na prática. De sondar o imaginário do outro, de descobrir as diferentes leituras que o leitor poderia fazer de um texto. Por isso escrevo.

3. Fale um pouco sobre seus livros.


Explorando o Português, faz uma varredura completa da Língua Portuguesa, da Nova Ortografia até a Literatura.  Aborda: as concordâncias e regras ortográficas; a pontuação e a fonética. Traz as novas modalidades da poesia – o Haicai, o Indrizo, o Poetrix. Trabalha redações e intertextos.  Em Literatura fala dos autores do Barroco ao modernismo; ora falando do autor, ora de sua obra. Tudo isto em uma linguagem simples e usando uma abordagem de sala de aula. Pretende levar o leitor a lembrar-se do que ele esqueceu ou aprender o que ainda não sabe, em uma linguagem informal e até mesmo lúdica.



Em “Nas Asas do Tempo” Sabrina é uma adolescente que se sente oprimida pelos valores dos anos 60. Controlada pela família e cerceada pela sociedade, que se tornava uma grande família, ela se debate tentando quebrar suas amarras, buscando seu espaço – o espaço de direito.
Era uma época de castração, mas foi justamente neste contexto de opressão, que começaram a aparecer as mudanças para o real empoderamento feminino. Onde os valores, usos e costumes começam a sofrer mudanças o que vai refletir nos anos seguintes, pois ainda hoje encontramos valores antigos mesclados aos costumes modernos.



Em “Tempo de Arranjos”, Os Contos fazem uma releitura em cima do comportamento da sociedade, o cerco que ela exercia no comportamento da mulher, mostrando os diversos arranjos e desarranjos que fazemos na vida.  Um arranjo de trabalho, um arranjo de amigos e para Sabrina estes arranjos em sua vida terminam em casamento. Para ela, o menos desejado. Mas era seu arranjo – precisava ser feito.
  A vida é feita de arranjos, onde a razão silencia os gritos de rebeldia, os sentimentos se transmutam e o coração se aquieta. E Sabrina pensava  ter encontrado a calmaria – seu porto seguro. Ledo engano.


Em “Tempo de Liberdade” os Contos apresentam a dialética entre Valores e Liberdade, onde a alma se eleva gradativamente em um processo de busca da verdade. Tão ao gosto dos jovens –para discutir. Não para viver.  Sabrina está então sexagenária, solta na liberdade dos anos 2000 e carregando os valores antigos que foram herdados e que estão tão arraigados e dos quais parece impossível deles se desvencilhar. E começa o jogo do pode não pode; quero e não devo, que vai conduzindo a personagem em sua busca pela verdade – a sonhada liberdade.
O encontrar ou não, ficará na imaginação do leitor.

4. Existe algum que seja o seu preferido?

Gosto de todos. Explorando o Português fiz pensando em meu neto, que me fazia lhe dar aulas de Português pelo telefone, quando não podíamos nos encontrar. Pronto, ele se mostra ferramenta importante para um concurso como o Enem por exemplo.

5. Você baseia seus textos em fatos da vida real, ou são mera  ficção?

Os dois. Sabrina a personagem, é um alter ego. Os contos são uma mix de verdade e fantasia. Mas as criticas são reais.

6.  Queria saber sobre sua experiência com editoras, caso publique por elas, ou então se realiza produção independente. Quais as dificuldades encontradas?

Explorando o Português foi editado pela editora Autografia para ser lançado na Bienal do Rio  de Janeiro em 2017  E  foi. Gostei da experiência.  Mas por estarem no Rio resolvi fazer com outras editoras em B.H. os três  outros livros. A produção é independente. Paguei por eles e os distribuo.

7.  Nas entrevistas e bate-papos que acompanhamos pela internet, verificamos  que existe uma preocupação muito grande com a revisão. Há livros sendo publicados sem revisão de espécie alguma, nem com a técnica própria da editora, nem  ortografia ou outra exigência  gramatical.O que você pode nos dizer a respeito? No seu caso particular, você contrata um revisor? Ou a editora se encarrega disso?

A revisão e diagramação são partes importantes na edição de um livro. Eu mesma gosto de fazer minha revisão.

8. Outro ponto chave para os novos autores é a divulgação de suas obras. Pode nos dizer de sua experiência a respeito?

Sempre programo meus lançamentos e arco com eles. Vou a feiras, participo de encontros,  palestras e vendo meus livros nestas ocasiões.

9. Algo que muito me espanta são os comentários depreciativos sobre a Literatura Brasileira Contemporânea. É comum ouvir-se algo do tipo, não gosto,  não leio autores nacionais. Em seu entendimento o que explicaria tal tipo de comentário?

Simples falta de conhecimento. Falta de leituras. Há hoje bons escritores, bons assuntos, é preciso incentivo.

 10. A partir de sua experiência pessoal o que poderia dizer àqueles que pretendem publicar?

Não sei como funciona o procurar editora que queira bancar a edição de um livro. Então o conselho é poupar e ser um autor independente, arcando com todos os gastos.



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