quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Nenhum mistério, de Paulo Henrique Britto



Paulo Henriques Britto nasceu no Rio de Janeiro em 1951. É tradutor e professor de tradução, literatura e criação literária da PUC-Rio, atuando na graduação e na pós-graduação. Publicou sete livros de poesia — Liturgia da matéria (1982), Mínima lírica (1989), Trovar claro (1997), Macau (2003), Tarde (2007), Formas do nada (2012) eNenhum mistério (2018) — e um de contos, Paraísos artificiais (2004); estudos monográficos sobre as canções de Sérgio Sampaio (2009) e a poesia de Claudia Roquette-Pinto (2010); e o ensaio A tradução literária (2012).Traduziu mais de 110 livros, em sua maioria de ficção, mas também obras de poetas como Byron, Wallace Stevens e Elizabeth Bishop.

"Tempo agora perdido/ (todo tempo se perde)/ vivo só nos vestígios", escreve Paulo Henriques Britto no segundo poema que compõe Nenhum mistério. Depois de um intervalo de seis anos desde o lançamento de Formas do nada, em 2012, o poeta põe à prova os limites das estruturas clássicas e retoma sua lírica brilhante e mordaz, marcada por uma forte descrença no sublime e no sentido.


Conforme Britto anuncia, trata-se de uma "cruel lição", sem planos para o futuro, conclusões práticas ou teorias extravagantes. "(Nenhuma necessidade,/ aqui, de qualquer metáfora)": para quem sobrevive à dor acumulada dos anos, observando o passado como quem enxerga de um mirante, a decepção é o único elemento capaz de engendrar algum significado. De acordo com o poeta, que se sente em uma constante véspera, para toda solução há "um jeito de achar um problema". O vazio, ele pondera, é a única certeza dos dias que não trazem alento: "só amo o que não sei e não se explica". 

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