Paulo Henriques Britto nasceu no Rio de Janeiro em
1951. É tradutor e professor de tradução, literatura e criação literária da
PUC-Rio, atuando na graduação e na pós-graduação. Publicou sete livros de
poesia — Liturgia da matéria (1982), Mínima lírica (1989), Trovar
claro (1997), Macau (2003), Tarde (2007), Formas
do nada (2012) eNenhum mistério (2018) — e um de
contos, Paraísos artificiais (2004); estudos monográficos
sobre as canções de Sérgio Sampaio (2009) e a poesia de Claudia Roquette-Pinto
(2010); e o ensaio A tradução literária (2012).Traduziu mais
de 110 livros, em sua maioria de ficção, mas também obras de poetas como Byron,
Wallace Stevens e Elizabeth Bishop.
"Tempo agora perdido/ (todo tempo se perde)/
vivo só nos vestígios", escreve Paulo Henriques Britto no segundo poema
que compõe Nenhum mistério. Depois de um intervalo de seis anos desde o
lançamento de Formas do nada, em 2012, o poeta põe à prova os limites das
estruturas clássicas e retoma sua lírica brilhante e mordaz, marcada por uma
forte descrença no sublime e no sentido.
Conforme Britto anuncia, trata-se
de uma "cruel lição", sem planos para o futuro, conclusões práticas
ou teorias extravagantes. "(Nenhuma necessidade,/ aqui, de qualquer
metáfora)": para quem sobrevive à dor acumulada dos anos, observando o
passado como quem enxerga de um mirante, a decepção é o único elemento capaz de
engendrar algum significado. De acordo com o poeta, que se sente em uma
constante véspera, para toda solução há "um jeito de achar um problema".
O vazio, ele pondera, é a única certeza dos dias que não trazem alento:
"só amo o que não sei e não se explica".
Nenhum comentário:
Postar um comentário