quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Homens do mar são homenageados em O ARRAIS


O mar é uma outra coisa, não se vive nele com pressa nem se sobrevive a ele com medo. E ninguém sabe isso melhor que os homens do mar, que navegam por águas tantas vezes revoltas sem saber se de lá saem incólumes ou se esses mesmos mares serão, afinal, a sua derradeira morada.
A vida no mar é hostil, dura e perigosa. Ainda assim estes bravos homens, quando obrigados a ficar em terra, sentem-se como peixes fora d’água. Aquela vida entranha-se pela sua pele, e parece que deixam de saber viver quando não estão na faina. É vê-los fitando o mar com olhares perdidos.
E que coragem e loucura levam um homem a, perante um mar revolto, se enfiar por ele adentro em embarcações que comparativamente à dimensão dos oceanos mais não parecem que diminutas cascas de nozes?
“O Arrais” é uma história ficcionada, mas ainda assim tão rente da realidade cotidiana destes homens e com descrições contemplativas de beleza e harmonia, que permite encontrar poesia onde antes, por mais insistentes olhares que deitássemos a essas vidas, víamos apenas aspereza e agruras. A escrita de Alves dos Santos neste “O Arrais” envolve o leitor, transportando-o para a vida das personagens, numa transparência íntima e em ambientes de céu e luz que se vão alterando passo a passo como se fosse o balanço do mar.
Este livro é também, claramente, uma sentida homenagem do autor a todos os homens do mar e em particular aos de Machico, a sua terra.

De facto, a escrita deste livro implicou extensa pesquisa e foram várias as descobertas e revelações que resultaram desse trabalho.”

Boa leitura!



Escritor Alves dos Santos, é um prazer contarmos, mais uma vez, com a sua participação na Revista Divulga Escritor. Conte-nos, quem é“O Arrais”?
Alves dos Santos - Arrais é um termo que veio a cair em desuso, mas que se refere aos capitães ou mestres de embarcações de pesca. É um termo ainda usado em certas zonas piscatórias do mundo lusófono, e em particular na ‘minha’ Ilha da Madeira.
Os arrais são homens donos de uma grande dose de coragem e loucura que os tornam capazes de, mesmo perante um mar revolto, se enfiar por ele adentro em embarcações que comparativamente à dimensão dos oceanos mais não parecem que diminutas cascas de nozes.

Como surgiu inspiração para a escrita de seu livro “O Arrais”?
Alves dos Santos - Devido a ligações familiares, cresci muito perto destes lobos do mar e fui ouvindo suas extraordinárias histórias, nas quais relatavam os mais diversos episódios que vivenciavam em mar e terra: desde a luta por vezes mortal com os oceanos, às dificuldades de viver da arte da pesca sempre tão dependente da imprevisibilidade da natureza.
“O Arrais” é uma história ficcionada, mas estou convicto de que ter crescido ouvindo estas suas lutas diárias serviu como inspiração e motivação para criar este meu novo livro.

Descreva os principais personagens que compõem a obra.
Alves dos Santos - A personagem principal desta obra, como julgo que se adivinha pelo próprio título, é um arrais, que tem a particularidade de não ser conhecido em momento algum do livro pelo seu nome próprio. E isto foi propositado, porque por meio desta personagem, que no fundo encarna um pouco de todos os arrais, quis homenagear todos os homens do mar que tive a honra de conhecer.
E é em torno deste arrais e das suas aventuras e desventuras que esta obra conduz os leitores numa viagem com destino marcado sem que,no entanto,se conheça a rota.
Como julgo que foi muito bem sintetizado pelo meu grande amigo e escritor Tristão de Andrade no prefácio deste meu novo livro, que ele gentilmente acedeu a escrever, ‘manifestamente estamos perante as emoções da partida, da viagem, mas sobretudo da chegada, e sempre com uma única questão de fundo: qual é, afinal, o nosso lugar?’.

O que mais chamou a sua atenção sobre os arrais enquanto pesquisava para a escrita do livro?
Alves dos Santos - De facto, a escrita deste livro implicou extensa pesquisa e foram várias as descobertas e revelações que resultaram desse trabalho. Talvez o que mais tenha chamado a minha atenção tenha sido a forma como muitos destes pescadores, que pareciam quase nômades, levaram a sua arte piscatória um pouco por todo o mundo lusófono e até para além dele.

Leia entrevista completa clicando no link ou imagem abaixo:
http://portalliterario.com/entrevistas/entrevistas-portugal/489-homens-do-mar-sao-homenageados-em-o-arrais

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