Coisas de Lorena e Blog 3K

Acabei de ler dois livros da Michelle Paranhos: Coisas de Lorena e Blog 3K.

O primeiro é encantador. Lorena é filha da autora, e é uma criança especial, que é portadora de uma síndrome rara e pouco conhecida – a Esclerose Tuberosa. Esta síndrome ainda está associada com sua variante – a Síndrome Sturge Weber. Juntas, as síndromes

fazem parte do Complexo Esclerose Tuberosa. Muitas vezes é identificada como Autismo, mas como a autora demonstra, os exames todos feitos pela filha não demonstraram claramente essa possibilidade.

Mas Lorena é “diferente”, no sentido de que tem um mundo quase só dela, apesar de interagir com todas as pessoas.

E o livro é o resultado das anotações que a mãe foi fazendo ao longo dos 10, 11 anos de Lorena.

São casos emocionantes, divertidos alguns. E que nos mostram as dificuldades de convivência com a garota, mas, ao mesmo tempo, ocasionam reflexões dos pais e dos irmãos dela, que aprendem a compreender o mundo de Lorena.

Recomendo o livro, de fácil leitura. Garanto que os(as) leitores(as) irão se encantar com o mundo de Lorena. E poderão aprender como conviver com crianças especiais...

Já o Blog 3K é um livro que desperta o interesse pelo tema. Três adultos – duas moças e um rapaz – resolvem criar um Blog que, em princípio discutiria assuntos variados, escritos por três pessoas que não se identificariam. Assim, os leitores do Blog não saberiam se eram mulheres, homens ou transgêneros que estavam escrevendo.

O processo de criação do Blog é entremeado pelos problemas da vida real das três personagens principais, além das outras, sejam familiares ou amigas. Questões como a homossexualidade e a bissexualidade são tratadas com rara elegância pela autora, levando à aceitação (não apenas a tolerância, mas a aceitação) das diferenças. A enxergar no Outro um ser humano como todos, ainda que diferentes na sua visão da sexualidade.

É uma leitura mais densa do que o livro Coisas de Lorena. Porém, observa-se a preocupação da autora em conceituar os elementos chave dos temas tratados por ela nas duas obras. E o interessante uso do “pé de página”, não muito usual na literatura ficcional é outro destaque da obra.