quinta-feira, 14 de setembro de 2017

Entrevista com autor(a) - Carla Póvoa



A entrevistada de hoje é a autora Carla Póvoa, cuja primeira obra, "Pablo, o cigano do ouro" já foi apresentada a nossos(as) leitores(as). Vamos conhecer um pouco mais da autora e de suas experiências.

01 – Fale um pouco sobre sua trajetória de vida, antes de se dedicar à literatura



Minha vida sempre foi coroada de diversidades. Vou tentar fazer um breve resumo. Primeiro fiz o curso de Letras, pela Universidade Federal de Goiás – UFG e lecionei durante anos a disciplina de Redação para alunos do ensino médio e cursos pré-vestibulares. Amei esta etapa de minha vida! Mas tive que dar realização a outro sonho de infância – a psicologia. Entrei novamente para a faculdade, dessa vez para a Puc-Go, no curso de Psicologia. Não satisfeita, paralelo à faculdade, comecei o curso de formação para Psicanálise, aproveitando a vinda da ANPC – Associação Nacional de Psicanálise Clínica ao Estado de Goiás. Então, ao terminar, dediquei-me à psicanálise por um bom tempo, antes de me aventurar a mostrar meus escritos para serem apreciados a público. Hoje posso dizer que executo os três. 

02 –   Quando descobriu sua “vocação” para escrever?



A vocação para escrever nasceu comigo. Esses dias eu estava refletindo sobre isso. Lembro-me bem quando eu ainda era muito pequena, não podia brincar na rua como as crianças maiores. Então, brincava sozinha e criava diversos personagens para estarem comigo. Especialistas que vissem, julgariam tratar-se de algum transtorno esquizoide (risos), pois eu “conversava sozinha” (como dizia minha mãe), entre às bonecas e brinquedos, eu criava um mundo, e enquanto não desse fim à problemática que eu encenava, aquela “história” não tinha fim – brincava dias seguidos no mesmo tema e com os mesmos personagens. E assim, quando aprendi a escrever e ler (eu lia bastante), fazia isso nos pequenos cadernos que eu guardava debaixo do meu colchão. Aí cristalizou-se um início. É claro que nunca sonhava que isso geraria uma “escritora”, mas creio não ser de um dia para o outro que isso acontece. Somos caminheiros e nos tornamos “algo” no decorrer do caminho.

03 - Fale um pouco sobre os livros que já publicou.





Meu primeiro livro publicado foi “Pablo, o cigano do ouro”. Ele faz parte de uma trilogia chamada “Histórias do povo zíngaro”. Minha ideia em escrever sobre o povo cigano vem também de coisas que vivi na adolescência ao ter contato com alguns deles. Esse livro 01 tem uma narrativa cheia de movimento e traz muitas novidades sobre a cultura cigana. A história de Pablo é marcada por fazer muitos amigos, mas também muitos inimigos. É uma belíssima narração assinalada pela força e o poder do amor, pelo verdadeiro significado de tradição e honra aos costumes ciganos. 

O livro 02 chama-se “Zíngara” e traz também outra interessante biografia não menos intensa. Conta a vida de Marta que acorda num acampamento cigano sem memória alguma. Transforma-se e adota o nome de Carmen. Nas trilhas daquela tribo, não se importou mais em buscar seu passado e formou um futuro com Nicolas – futuro líder do acampamento. Mas o destino e o passado poderão arrancar Carmen de sua nova realidade. Certamente, encantará o leitor que o tiver entre as mãos. O terceiro livro dessa série ainda está por vir e terá como título “Izalon, filho de Pablo”. Ele encerará a série e trará as respostas que ficaram no ar nos livros anteriores. No entanto, as histórias do povo zíngaro deixarão saudades no leitor. E não admiraria se pegasse um deles voltando para ler novamente.
Fora desse tema, tenho também publicado um livro de contos com o título “Encontro em contos”. Esse é em parceria com a autora Paula Lessa. São contos selecionados que aborda várias temáticas. Surgiu da empatia que tivemos eu e a Paula, que mesmo distantes geograficamente (Estado do Rio de Janeiro e Goiás), fez nascer essa obra em conjunto. São contos curtos, envolvendo situações cotidianas e inusitadas, elas podem revelar possibilidades para reflexões que transformam opiniões. 



Além dessas publicações, participo também da Antologia organizada pela autora Patty Freitas intitulada “Um café, dois dedos de prosa e alguns versos”  - obra maravilhosa que reúne vários autores. Também participo de três das publicações feitas pelo FLAL – Festival de Literatura e Artes Literárias, do qual tive a honra de fazer parte.

04 – Existe um que você gosta mais? Por quê?


Não existe nenhum do qual eu goste mais. Cada um compõe uma etapa diferente de minha caminhada.

05 – Comente sobre sua experiência com editoras. Ou você é adepta de produção independente?



Sou autora independente. Ainda não tive nenhuma experiência com editora tradicional. Quanto a ser independente, não me sinto menos qualificada por isso. Afinal, penso não ser a editora que diz ser um livro bom ou não. Há outros fatores para essa avaliação.

06 - Nas entrevistas e bate-papos que acompanhamos pela internet, verificamos que existe uma preocupação muito grande com a revisão. Há livros sendo publicados sem revisão de espécie alguma, nem a técnica (própria da editora) nem a ortográfica/gramatical. O que você pode nos dizer a respeito? No seu caso particular, você contrata um(a) revisor(a)? Ou a editora se encarrega disso?



Realmente, é um ponto interessante a ser refletido – a linguagem. Muitos acham que ela não é importante, outros já exageram, condenando livros que tenham defeitos gramaticais e de léxico. Como preciso pagar para editar o livro, a revisão é feita á parte, ou seja, nem todas as editoras compõem esse serviço ao da edição do livro. Confesso que pequei em não fazer na edição do meu primeiro livro. Erros gramaticais apareceram e isso incomodou bastante a mim (e mais ainda a outras pessoas). Penso ser de extrema importância o trabalho do revisor. Mesmo que quem escreve seja profissional da língua (como eu), no calor da escrita, muitas falhas passam, ou os corretores dos computadores (que se acham infalíveis) corrigem uma palavra e a deixa mais “errada” ainda. E o revisor é infalível nesse aspecto. É claro que existem várias formas de expressão e, linguisticamente falando, existem diversos “português” inseridos no clássico. Mas há que se deixar claro que se pode expressá-los de maneira que se entenda de qual deles se tomou posse. Nos outros livros, cuidei de pedir a amigos que lessem e me ajudassem a encontrar falhas. Mas se tivesse recurso, contrataria um revisor para meus escritos.

07 – Outro ponto chave para os novos autores é a divulgação de suas obras. Pode nos dizer de sua experiência a respeito?



Penso ser a divulgação de uma importância sem tamanho. Como pode alguém conhecer algo que nem sabe que existe? Conheço obras que são menos qualificadas do que outras e são bem mais reconhecidas em função de terem tido um marketing bem feito. Não sei se feliz ou infelizmente, a divulgação bem feita é que coloca a obra em ascensão. Mas, quando a obra é boa e o marketing bem feito, com certeza o sucesso é garantido.

08 – Bienais e feiras de livros – são importantes para os novos autores?



Sobre bienais e feiras de livros não posso dizer muito porque ainda não participei. Mas as vejo como importantes, sim. Nelas, além da divulgação da obra, faz-se contato com amigos/autores e estabelecem-se parcerias para promover o título do livro e o nome do autor. Mesmo que nenhuma obra seja vendida, o trabalho de divulgação trará algum resultado positivo.

09 – Ouvem-se muitos comentários depreciativos sobre a literatura brasileira contemporânea. É comum ouvir-se algo do tipo “não gosto, não leio autores nacionais”. Em seu entendimento o que explicaria tal tipo de assertiva?



Creio que aquele que critica sem conhecer o que está falando com propriedade, o erro está nele e não no que ele condena. É fato que alguns brasileiros condenam tudo que se diz respeito a “nacional”, bem como aqueles que o fazem com exagero, sem dar o devido reconhecimento a qualquer “internacional”, também erram. O que é bom é pra ser apreciado e reconhecido. E dar valor àquilo que é produzido em seu país é inteligência emocional e visão nacionalista importante até para se autovalorizar. Quem não o faz, e mais, quem condena, é candidato a verificar-se quanto a sua saúde.

10 – A partir de sua experiência pessoal, o que poderia dizer para aqueles e aquelas que pretendem publicar livros?



Para quem quer publicar livros, eu digo: “Publique. Faça aquilo que sua vontade quer. E, tenha certeza, você poderá ser criticado. E será. Mas valerá a pena ver suas palavras expressas naquele papel, contendo sua realização. E, se daqui uns bons anos, não ter vendido muitos livros, tenha a certeza de que alguns pares de olhos irão lê-lo e admirarão o que, um dia, teve a coragem de dizer – tem sempre alguém que estará disposto a sentir-se tocado pela sua alma”. 

20 comentários:

  1. Parabéns pela linda entrevista, parabéns pela perfeita capacidade ou dom da escrita que é nata em você, sei que tem tudo para encantar seus leitores.
    São ótimos romances, quem ler vai confirmar o que eu falei. Desejo boa sorte para você e sua família abençoada, sucesso em seu trabalho.

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    1. Obrigada, amigoautor! Muito honrada com suas palavras! Eu recebo suas boas energias!

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  2. Parabéns Carla Póvoa pela excelente entrevista.
    Sou sua fã e estou já muito interessada na história de Izalon que conheci ainda no primeiro livro.
    E estou tendo a oportunidade de ler o segundo com a Marta e estou apaixonada pela narrativa! Muivo sucesso para você e salve o povo cigano que aprendi a amar e a respeitar!Optchá!Beijos .

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    1. Obrigada, amigaautora! Receber tais palavras é um reconhecimento incrível para meu trabalho!
      Grande abraço a ti e a Lorena!

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  3. Parabéns minha amada esposa/autora. Suas respostas nessa entrevista só ratifica seu dom em manusear as palavras e construir histórias que nos envolve. Que venha logo o Livro 3 " Izalon, filho de Pablo."

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    1. Isso porque tenho a sorte de ter o apoio que vem de vc e de minha família, além de todos q apoiam keu trabalho. Obrigada!

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  4. Parabéns Carla Póvoa,és uma das escritoras cujos escritos pretendo seguir. gosto das suas histórias e tenho paixão pelo povo cigano.

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    1. Ironi, amigautora, quanta honra pra mim "ouvir" isso de vc! Obrigada!

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  5. Parabéns Carla Póvoa. Já conheço sua primeira obra publicada, Pablo o cigano de ouro e confesso que estou ansiosa para ter em mãos Izalon que com certeza também deve ser otimo.
    Deus te deu um dom especial, o qual você tem nos presenteado.

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    1. Obrigada, minha querida! Tenho a sorte de ter apoios como o seu q me fazem cobtunuar adiante. Bjo e obrigada!

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  6. Ah, estou querendo ler o segundo e você me diz que ainda terá um terceiro. "Aguenta Coração" de tanta ansiedade.

    Parabéns Carla pela entrevista e por sua maravilhosa escrita, e saiba que o livro um é tão bom e tão cativante que a última coisa que fazemos é reparar nesses errinhos que você diz ter. Bjo grande.

    Patty Freitas

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    1. Patty, munha querida! Quanta emoção saber disso!
      Vc que sempre lembra de me incluir nas suas Antologias e revistas, me apoiando e me dando oportunidades.
      Obrigada por suas palavras!

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    1. Obrigada, Antônio! Vindo de ti esse revonhecimento para mim é um troféu!
      Abraço!

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  8. Parabéns minha amiga/ irmã. Sempre acreditei no seu sucesso.Sua entrevista ficou maravilhosa.Já estou ansiosa para ler Izalon filho de Pablo.Saudades minha escritora favorita��������.Luciene

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    1. Muito obrigada, Lu!
      Importante ter vcs em minha vida e me apoiando nos meus escritos!
      Saudades tb!

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  9. Parabéns, Carla.
    Grande talento, excelente entrevista,ameeei!

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    1. Obrigada, Kelly!
      Vindo de tanta leveza e jovialidade como a sua, vejo q posso alcançar horizontes diversos!
      Bjo no coração!

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  10. Muito curiosa, o primeiro foi surpreendente. Magnífico. Sem contar nos contos, são perfeitos, nos prendem a atenção do início ao fim, tipo vivemos a estória...
    ... são memoráveis, não saem de nossa memória, inesquecíveis...
    ...Sem mais palavras pra tamanha competência.
    👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏

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    1. Obrigada, amiga querida!
      Suas palavras me enobrecem mais do que mereço.
      Bjo

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